Os cabo-verdianos vão escolher um novo Governo a 20 de Março nas eleições legislativas que determinam o substituto do actual Chefe do Governo José Maria Neves, depois de três mandatos.
Em tempo de balanço nesta edição da Agenda Africana, a VOA falou com o primeiro-ministro que diz sair do Governo com a noção de ter servido o país da melhor forma .
Neves refere, contudo, que ainda há muita coisa por fazer e lamenta não ter cumprido a promessa de atribuição do décimo terceiro mês e a não aquisição de um helicóptero.
Em contrapartida, destaca a implementação do salário mínimo e o subsídio do desemprego, como dois grandes ganhos para os trabalhadores.
“O país tem mais água devido a construção de barragens, o turismo ganhou mais dinâmica devido à construção de novos aeroportos internacionais, está melhor servido em termos de energia graças a investimentos nas energias renovais e à construção de novas centrais”, enumere Neves que lembra a graduação do arquipélago ao grupo de países de rendimento médio, a assinatura da parceria especial com a União Europeia, o reconhecimento das organizações internacionais que classificam o país caso de sucesso nas liberdades de imprensa, económica e democrática.
Apesar dos desafios que ainda se colocam, José Maria Neves afirma que as bases estão lançadas para o país caminhar de forma segura, por isso acredita no futuro de Cabo Verde.
À VOA, Neves deu pistas claras da intenção em concorrer às eleições presidenciais deste ano.
“Estou a ponderar sem pressão de ninguém e de nenhuma sondagem. Caso entender que posso ser útil para exercer uma magistratura de influência diferente para conseguir mais ganhos para o país, estarei disponível a entrar na corrida”, adiantou o ainda Primeiro-ministro.
Perguntado se não tem receio de concorrer às presidenciais depois do desgaste de 15 anos como chefe do Governo, Neves adiantou que nunca há risco de se participar numa actividade de cidadania.
Se decidir avançar, José Maria Neves afirma que vai anunciar a decisão antes das legislativas de 20 de Março, por entender que a candidatura presidencial deve ser apartidária.
Entendimento diferente tem o presidente do principal partido da oposição, MpD, Ulisses Correia e Silva, e candidato a primeiro-ministro.
Correia e Silva reprova claramente a gestão do Executivo liderado por José Maria Neves e diz que Cabo Verde está estagnado economicamente desde 2009, o que tem provocado grandes dificuldades e desigualdades sociais.
“A taxa de desemprego é alta, sobretudo no seio dos jovens, muitos com formação superior e sem perspectiva”, situação que acontece devido a má politica seguida pelo Governo.
Ulisses Correia e Silva considera que nos últimos anos, o Governo fez mais propaganda, em detrimento de tomar medidas para resolver um conjunto de situações para a vida do país e das populações, nomeadamente nas áreas da segurança e Justiça, visando o combate à criminalidade.
O líder da oposição critica também a excessiva partidarização da administração pública e a falta de transparência na gestão da coisa pública.
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