O diplomata cabo-verdiano José Luís de Jesus foi eleito pela terceira vez membro do Tribunal Internacional do Direito do Mar, na 27ª Assembleia dos Estados Partes da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, em Nova Iorque
Com 40 anos de carreira diplomática, Jesus diz querer colocar essa experiência ao serviço do tribunal.
Em conversa com a VOA, justifica a carreira com o empenho colocado na actividade profissional
“Além da experiência anterior, durante anos, a do tribunal, da aplicação do direito, tem outra dimensão e pensei que não só a instituição precisa dessa experiência, como para mim é uma maneira de me sentir útil”, justifica o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros e embaixador de Cabo Vede junto das Nações Unidas e de alguns países.
Eleito pela primeira vez para o Tribunal Internacional do Direito do Mar, em 1999, Jesus disse ter contado “com o apoio diplomático e institucional de Cabo Verde”.
Questionado se países pequenos, como Cabo Verde, devem elaborar uma estratégia para colocação de técnicos em organizações internacionais, o diplomata admite que tal pode ajudar, mas considera que o ponto de partida é a preparação individual.
“Sempre preparei-me, sem pretender atingir o que fosse, apenas para ser um bom profissional”, explica José Luís de Jesus, para quem “o resto vem depois”.
Alguém definiu a sorte, segundo Jesus, como “estar preparado para quando a oportunidade aparecer”, o que, para aquele diplomata é determinante, reconhecendo, no entanto, “ser importante os países terem um plano de apoio a pessoas que se tenham preparado para tal”.
O Tribunal Internacional do Direito do Mar é uma instituição de recurso dos países e funciona com o plenário dos juízes e uma câmara especial.
Longa carreira
O novo mandato no Tribunal Internacional do Direito do Mar é de nove anos.
Além das funções de ministro dos Negócios Estrangeiros e embaixador, José Luís de Jesus foi presidente do Grupo dos 77 para o Direito do Mar, presidente do Grupo Africano nas Nações Unidas, presidente da Comissão Preparatória da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos e do Tribunal Internacional do Direito do Mar, presidente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas e enviado Especial das Nações Unidas na região dos Grandes Lagos.
Jesus foi ainda o mediador, enquanto responsável pela diplomacia cabo-verdiana, das conversações de paz entre o Governo de Nino Vieira e representantes do líder da rebelião de 1998 na Guiné-Bissau Ansumane Mané.