O Instituto de Comunicação Social da África Austral - MISA Moçambique exige que os jornalistas tenham a possibilidade de fazer a cobertura da situação de violência armada em Cabo Delgado com segurança, numa altura em que continua desaparecido Ibraimo Mbaruco, da Rádio Comunitária de Palma.
O Presidente do MISA Moçambique, Fernando Gonçalves, diz que a situação na província de Cabo Delgado, que há quase três anos vem alvo de ataques armados, "é bastante delicada para os jornalistas".
Gonçalves avançou que os jornalistas não devem ser impedidos de exercer o seu ofício, realçando que a questão de Cabo Delgado "está dentro de toda a nossa abordagem sobre a cobertura jornalística da situação da violência" naquela província.
"Tem que haver uma luta coletiva para que seja possível que todos os jornalistas façam a cobertura dos acontecimentos em Cabo Delgado num ambiente de segurança" afirmou Fernando Gonçalves.
O MISA Moçambique exige também das autoridades moçambicanas a intensificação de acções visando a restituição da liberdade do jornalista da Rádio Comunitária da Palma, Ibraimo Mbaruco, que se encontra desaparecido desde o dia 7 de abril do presente ano.
De acordo com aquele instituto de monitoria da liberdade de imprensa na zona austral de África, Mbaruco teria sido levado por elementos das forças de defesa e segurança em Palma. Mas a polícia demarcou-se do incidente.
Maus tratos
Jornalistas moçambicanos concordam com o posicionamento do MISA Moçambique, porque, sublinham, tem sido bastante difícil reportar sobre aquilo que está a acontecer em Cabo Delgado.
O jornalista Fernando Mbanze diz que exemplos são muitos, mas aponta apenas os relacionados com a detenção de Amade Abubacar e o desaparecimento de Ibraimo Mbaruco, que "revelam um comportamento ilegal que não se pode permitir de um Estado".
O Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD) diz não perceber os motivos do impedimento do trabalho de jornalistas, nas zonas de conflito em Cabo Delgado, uma vez que estes se limitam a relatar aquilo que acontece no terreno.
Para o director executivo do CDD, Adriano Nuvunga, numa altura em que há alegações de maus tratos de cidadãos por parte de elementos das forças no terreno, com as dificuldades criadas aos jornalistas, "pretende-se proteger certas informações, porque as pessoas se inquietam com a possibilidade de certas informações chegarem ao domínio público".