Os jornalistas foram impedidos de assistirem ao início do julgamento do empresário Carlos São Vicente, por ordens do juiz principal do chamado "caso 900 milhões", Edson Escrivão, nesta sexta-feira, 11, em Luanda.
Na porta do Tribunal da Comarca de Luanda estava estampada a autorização de que apenas um jornalista por cada órgão com carteira profissional podia entrar na sala, mas no início do julgamento funcionários do tribunal informaram que a ordem tinha sido “alterada verbalmente”, por decisão do juiz.
O correspondente da VOA Coque Mukuta esteve presente e mesmo sendo possuidor de carteira profissional foi impedido de entrar na sala, tal como os demais colegas.
Teixeira Cândido, secretário geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, condenou a decisão do juiz e prometeu enviar uma nota de protesto à Associação dos Magistrados Judiciais e ao Conselho Superior da Magistratura Judicial.
O caso
O empresário Carlos São Vicente, casado com a filha do primeiro Presidente da República, Agostinho Neto, e antiga dirigente do MPLA, Irene Neto, está preso preventivamente desde Setembro de 2020, acusado de vários crimes, entre os quais fraude fiscal, envolvendo valores superiores a mil milhões de euros, peculato e branqueamento de capitais.
As suas empresas tinham o monopólio dos seguros da Sonangol, estando também em causa o modo como ele terá adquirido o controlo da companhia seguradora AAA.
A acusação alega que o réu terá levado a cabo "um esquema de apropriação ilegal de participações sociais" da seguradora e de "rendimento e lucros produzidos pelo sistema" de seguros e resseguros no sector petrolífero em Angola.
Cerca de 900 milhões de dólares foram congelados inicialmente em várias contas bancárias na Suíças, mas posteriormente grande parte desses fundos foi libertada.
A defesa tem criticado a longa prisão preventiva do empresário, que tem problemas de saúde, e defendido a sua inocência.