Alguns jornalistas angolanos têm manifestado nos últimos dias a sua insatisfação pelo facto de o Presidente João Lourenço conceder apenas entrevistas exclusivas a órgãos estrangeiros em detrimento dos nacionais.
O caso mais recente aconteceu na segunda-feira, 4, quando Lourenço concedeu uma entrevista exclusiva à RTP, no Palácio Presidencial, em Luanda.
Teixeira Cândido, presidente do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), reprova a postura do Presidente.
"Não faz sentido porque a prestação de contas também é feita pela imprensa que carrega consigo a expectativa dos cidadãos porque é com os angolanos que ele deve se preocupar em primeira instância”, explica Cândido, que diz ser “legitima a insatisfação dos jornalistas angolanos”.
Aquele jornalista pediu aos responsáveis pela comunicação de Lourenço que levem “esta nossa insatisfação ao Presidente da República e que se corrija esta postura discriminatória que já foi criticada durante 38 anos do seu antecessor".
O antigo presidente MISA Angola e também jornalista Alexandre Solombe reprova igualmente a postura do Presidente angolano.
"A expressão facial do Presidente nas colectivas que concede é uma em relação aos jornalistas angolanos, quase sempre arrogante, a voz gutural, para intimidar os jornalistas, mas quando fala com jornalistas estrangeiros a expressão facial é outra, este é um dos métodos que João Lourenço usa para contornar questões delicadas e usa estes artifícios, para fugir a questões, não por desconhecimento mas por não querer responder mesmo", sustenta Solombe.
Outro jornalista, Ilidio Manuel, entende que Lourenço discrimina os jornalistas angolanos.
"O Presidente está sempre aberto aos órgãos de imprensa estrangeira em detrimento da angolana, também é notória a forma como trata os jornalistas angolanos, quase sempre ríspido ao responder aos nacionais e às vezes usa um tom jocoso sobre determinadas questões de jornalistas nacionais, o que não faz quando se trata de imprensa estrangeira”, aponta Manuel, que vê uma “tendência em se emitir um certificado colectivo de incompetência à imprensa nacional” por parte das pessoas que rodeiam e querem blindar o Presidente”.
As críticas têm ganho forma principalmente nas redes sociais.