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Jornalismo em África: novos temas, velhos problemas


Vencedores do Prémio de Jornalismo Africano MultiChoice 2015 falam da profissão.

A cadeia televisiva americana CNN atribuiu no passado sábado, 10, em Nairobi, no Quénia, o Prémio de Jornalismo Africano MultiChoice, na sua vigésima edição.

A cabo-verdiana Carla Gonçalves e o angolano Pedro Paxi foram os galardoados em língua portuguesa, enquanto o grande vencedor a nível continental foi Hyacinthe Boowurosigue Sanou, do L'Observateur Paalga, de Burkina Faso, com o prémio jornalista do ano.

O prémio de liberdade de imprensa foi para o camaronês Zacharie Flash Ndiomo.

No total foram galardoadas 30 pessoas.

Criado em 1995, o prémio Jornalista Africano CNN MultiChoice é aberto a profissionais da área de comunicação do continente que se têm dedicado a cobrir temas de interesse sobre África.

Através desse período dezenas de profissionais da comunicação em todo o continente foram galardoados e o prémio é considerado um dos mais importantes de África.

Não só pela visibilidade que dá aos vencedores, mas também pelos temas que destaca e por a final ser uma oportunidade para dezenas de jornalistas se reunirem e discutirem os problemas, desafios e conquistas do sector.

Pedro Paxi, jornalista angolano
Pedro Paxi, jornalista angolano

O moçambicano Bento Venâncio, do jornal Domingo, vencedor do ano passado e finalista este ano considera que “o prémio indica que o nosso trabalho é apreciado e que podemos competir com outros colegas do continente, como está a acontecer com alguns companheiros aqui em Moçambique”

Pedro Paxi, da tv Zimbo, de Angola e vencedor da categoria imprensa electrónica com a reportagem sobre a erupção vulcânica na ilha do Fogo em Cabo Verde, recebeu o seu primeiro prémio numa carreira de 13 anos.

Paxi, que destaca o papel da mãe na sua formação como profissional, gostou de ouvir os motivos que levaram o júri a escolher a sua reportagem.

“De um lado evidenciou a grande ajuda do Governo angolano a Cabo Verde, no valor de sete milhões de dólares, e do outro destacou o facto de estarmos no local, a 10 metros das lavas, com uma temperatura de 600 graus celsius, bem como das casas”, explica o jornalista.

Carla Gonçalves
Carla Gonçalves

Carla Gonçalves, do jornal A Nação, de Cabo Verde, tem apenas quatro anos na profissão e participou pela primeira vez num concurso, com a reportagem “Memorial Amílcar Cabral vandalizado e cheio de lixo”.

O texto, segundo o júri, obrigou as autoridades a recuperarem e dar dignidade a um lugar que deve exaltar a figura de um homem com a dimensão continental de Amílcar Cabral.

Para Carla Gonçalves é um prémio com muito significado porque “depois do prémio, as empresas e editores passam a prestar mais atenção nos jornalistas e nós sentimos que o nosso trabalho tem valor e é reconhecido”.

Ela no entanto, desconhece que impacto haverá em Cabo Verde que, pela primeira vez, tem um jornalista premiado com o CNN MultiChoice.

Além de participar na gala, os cerca de 60 finalistas Prémio de Jornalismo Africano CNN MultiChoice de 2015 debateram vários temas referentes à profissão e aos problemas de África.

Entre as grandes dificuldades que enfrentam os profissionais da comunicação no continente, Pedro Baxi e Carla Gonçalves apontam ainda a falta de liberdade.

Nos últimos anos, a África tem conhecido uma significativa melhoria da sua economia, com taxas de crescimento apenas superadas pela Ásia.

O continente, no entanto, enfrenta ainda graves conflitos regionais como os protagonizados pelo Boko Haram e o Al-Shabab. Há golpes de Estado e guerras internas em vários países.

E os jornais, televisões, rádios e midias sociais, o que tratam.

Pedro Paxi, jornalista angolano, diz que “histórias sociais, a luta pela água e temas políticos” são temas dominantes, enquanto Carla Gonçalves lembra da corrupção.

Para Carla Gonçalves, não se deve falar de um jornalismo africano, porque “é global, podem mudar os temas, mas também as condições de trabalho, e no Quénia falou-se muito da falta de meios e das deficientes condições de trabalho”.

Acompanhe mais uma edição da Agenda Africana:

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