Vários jornais privados angolanos fecharam as portas durante os últimos cinco anos.
Mariano Brás, director de O Crime, um dos semanários que sobrevive ao que chama de “eliminação secreta” dos jornais privados, acusa o Ministério de Comunicação Social de combater jornais privados.
O ministro Luís de Matos recusa a acusação e diz que ajuda quando pode.
O director de O Crime afirma que desde o início seu jornal nunca recebeu qualquer apoio do Ministério.
Nos últimos tempos, alguns jornais privados foram comprados por empresários ligados ao poder político e mais tarde encerrados, enquanto outros foram sacrificados devido ao custo da impressão.
Mariano Brás explica que a impressão de 1.500 exemplares custa um milhão de kwanzas, cerca de 6,200 dólares norte americanos, e cada exemplar é vendido a 1.500 kwanzas.
O director afirma que não dá para pagar as despesas com o pessoal e manter vivo o projecto.
“Há um plano de eliminação e aqui aponto o dedo ao Ministério da Comunicação Social porque o Ministério é mais inimigo do que parceiros dos jornais privados”, acusou.
O director afirma que a falta de apoio do Ministério da Comunicação Social leva os jornais a contratarem profissionais medíocres por não terem como pagar os melhores jornalistas.
“Eu pessoalmente pedi apoio ao Ministério da Comunicação Social e na altura ainda era este ministro, mas até hoje não nos deu nada”, lamentou.
Ministro refuta
A VOA contactou Luís de Matos, ministro da Comunicação Social, que sem gravar entrevista afirmou à VOA não ter disponível no seu pelouro verbas para apoiar jornais, mas que a sua instituição apoia os privados sempre que pode.
Luís de Matos negou também a existência de qualquer plano para combater os jornais privados no país.
Recorde-se que Mariano Brás foi processado recentemente pela Procuradoria-Geral da República por ter publicado um artigo do jornalista Rafael Marques que acusa João Maria de Sousa de corrupção.