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João Lourenço diz que anterior presidente do Tribunal de Contas tentou extorquir dois ministros


Presidente da Angola João Lourenço durante uma conferência de imprensa no palácio presidencial da Casa Rosada, no âmbito da visita do Presidente da França Emmanuel Macron, em Luanda, a 3 de Março de 2023.
Presidente da Angola João Lourenço durante uma conferência de imprensa no palácio presidencial da Casa Rosada, no âmbito da visita do Presidente da França Emmanuel Macron, em Luanda, a 3 de Março de 2023.

A anterior presidente do Tribunal de Contas (TC), Exalgina Gamboa, tentou extorquir os ministros da Energia e Águas e dos Recursos Minerais e Petróleos, a quem pediu um por cento do capital social da Refinaria do Lobito.

A revelação foi feita esta quarta-feira, 22, pelo Presidente João Lourenço, quem também lembrou haver denúncias contra o presidente do Tribunal Supremo (TS) e pediu que se aguarde a investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Na cerimónia em que deu posse a oito novos juízes do TS em Luanda, João Lourenço justificou não ter feito a abertura oficial do ano judicial devido à situação da justiça, em particular as denúncias contra a então presidente do TC, Exalgina Gamboa, sobre a qual há acusações ainda mais graves.

“Contudo, vieram a se descobrir, mais tarde, factos irrefutáveis muito mais graves que os da denúncia pública, imputáveis à mesma juíza conselheira, e que apontam para a tentativa de extorsão ao Ministro da Energia e Águas e a convocação, no seu gabinete, do Ministro dos Recursos Minerais e Petróleos, para lhe pedir 1% do capital social da Refinaria do Lobito, como se isso fosse normal e possível na Angola de hoje que juntos estamos a edificar, tendo a luta contra a corrupção e a impunidade como nossa bandeira”, revelou João Lourenço.

Ela viria a optar por ir para a jubilação, mas tanto Gamboa como o filho, Hailé Vicente da Cruz, são acusados de crimes de extorsão, peculato e corrupção.

O presidente angolano refutou qualquer tentativa de cerceamento dos seus poderes e alegou que a "independência dos tribunais se circunscreve aos poderes jurisdicionais" e justificou o pedido de demissão à juiza-presidente do Tribunal de Contas .

Lourenço acrescentou que como Presidente não podia"ficar indiferente perante situações tão graves, de tal forma que ao abrigo das competências que a Constituição lhe confere no número 5 do artigo 108 - a de promover e garantir o regular funcionamento dos órgãos do Estado -, o Chefe de Estado convidou a juíza conselheira em causa a renunciar, tendo sido, na sequência, constituída arguida pelo Ministério Público.

Na sua curta intervenção, Lourenço referiu-se também à situação do Tribunal Supremo, onde os juizes-conselheiros pediram o afastamento do juiz-presidente Joel Leonardo, na sequência de várias denúncias de corrupção.

Ele disse que "alguma suspeição paira também sobre o Tribunal Supremo, estando igualmente o Ministério Público a trabalhar no apuramento da verdade dos factos" e pediu que se aguarde "com serenidade o andamento do trabalho em curso que está sendo realizado pela Procuradoria-Geral da República".

Do juiz conselheiro de um tribunal espera-se sempre um comportamento exemplar perante o trabalho que realiza e na sua postura na sociedade.

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