A empresária angolana Isabel dos Santos revelou ter deixado a administração da UNITEL, empresa que criou, por considerar ser “contraproducente e irresponsável permitir que um clima de conflito permanente e de politização sistemática dos administradores se instale no Conselho de Administração”.
Analistas dizem que ela tinha pouca margem de manobra depois da ação da justiça.
“Após 20 anos dedicados à criação, ao desenvolvimento e ao sucesso da Unitel, optei por deixar o cargo de membro do Conselho de Administração da empresa”, disse Isabel dos Santos num comunicado a que a VOA teve acesso nesta terça-feira, 11.
“Nos anos em que liderei a Unitel ou participei ativamente na sua gestão, crescemos e realizámos um investimento de mais de cinco milhões de dólares na rede, equipamento e formação professional, recorrendo inteiramente a receitas próprias e empréstimos bancários privados e sem qualquer apoio de fundos governamentais ou públicos”, acrescenta Santos, que fala em “honra e orgulho de ter construído uma das primeiras redes de telecomunicações em Angola”.
Ao anunciar a sua saída do Conselho de Administração, por ser “contraproducente e irresponsável permitir que um clima de conflito permanente e de politização sistemática dos admnistiradores se instale no Conselho de Administração”, Isabel dos Santos defende que o órgão gestor da empresa “deve ser ocupado por pessoas dedicadas e com um espírito de equipa, comprometidas com o trabalho rigoroso e produtivo, no interesse da empresa e dos seus colaboradores e clientes”.
A filha do antigo Presidente José Eduardo dos Santos escreveu ainda que “em nome do futuro de Angola, eu e as empresas que dirijo estaremos sempre ao lado do progresso, da economia e da criação de empregos e oportunidades para jovens angolanos”.
A decisão da empresária angolana surge depois de, na passada segunda-feira, a Unitel ter anunciado a realização de uma Assembleia-Geral para deliberar sobre 13 pontos, incluindo uma auditoria forense à gestão da empresa nos últimos 10 anos e recomposição do Conselho de Administração.
Entretanto, analistas ouvidos pela VOA consideram a decisão como “sensata”, mas que “peca por tardia”.
O jornalista Ilídio Manuel diz que Isabel dos Santos, “não tinha condições psicológicas ”para continuar no cargo depois do arresto das suas ações pela justiça angolana" .
Para o jurista Salvador Freira a empresária angolana não resistiu à pressões resultantes dos vários processos que decorrem nos tribunais angolanos e portugueses.
“Ela já não goza de protecção do pai “, lembrou.
Os resultados e a decisões do encontro dos acionistas ainda não foram revelados.
Isabel dos Santos detém 25 por cento do capital social da Unitel, através da empresa dela, Vidatel, enquanto a petrolífera nacional, Sonangol tem 50 por cento, depois da compra dos 25 por cento que detida a PT Ventures, enquanto a Geni, do general Leopoldino Fragoso do Nascimento, “Dino”, possui os restantes 25 por cento.