Em Angola, assiste-se uma autêntica “guerra” de acusações entre o actual presidente do Conselho de Administração (CA) da Sonangol, Carlos Saturnino, e a antiga gestora da empresa petrolífera estatal, Isabel dos Santos.
Carlos Saturnino acusou a filha do antigo Presidente José Eduardo dos Santos de ter transferido 36 milhões de dólares para uma empresa no Dubai, e outras transferências, um dia depois da exoneração da anterior administração.
Isabel dos Santos respondeu e deu agora a Carlos Saturnino 24 horas para provar o que afirmou, caso contrário vai responder no tribunal.
Vários analistas falam da existência de “oficinas secretas”, uma ao serviço do núcleo duro de João Lourenço, actual presidente da República e vice-presidente do MPLA, e outra coordenada por José Eduardo dos Santos, presidente do MPLA e antigo Presidente da República.
Alas
As tais "oficinas secretas" informais têm por missão informar e desinformar de acordo com os desafios de cada uma das alas.
O politólogo Diavita Jorge afirma existir uma clara clivagem entre a ala de Santos e a de Lourenço, mas destaca que a "guerra" entre Isabel dos Santos e Carlos Saturnino deve servir para a prestação de contas dos responsáveis daquela empresa pública.
“A relação não é muito boa, parece que existem duas alas que vinham trabalhando juntas mas agora há resistências entre elas", explica Jorge, para quem esses actores devem entender "que a política é, acima de tudo a capacidade de gerir as questões da República através de um diálogo permanente".
Aquele analista destaca a necessidade de o Presidente da República entender que "deve saber gerir esses interesses" que, segundo Jorge, representam "os vários estratos da sociedade".
Outra opinião é do politólogo Agostinho Sicato que não acredita que essa guerra verbal possa atingir José Eduardo dos Santos e João Lourenço, mas nota uma clivagem bastante acentuada entre os dois lados.
"Entretanto há zonas cinzentas e as acções feitas requerem autorização superior, mas não acredito que haja uma coacção entre os dois", reitera Sicato.
Recorde-se que Isabel dos Santos deu 24 horas para Carlos Santurino apresentar provas das acusações feitas contra ela, caso contrário ela vai recorrer aos tribunais.