A bilionária angolana e filha do Presidente José Eduardo dos Santos, Isabel dos Santos, é uma pessoa “discreta” e que “tem um sentido de proporção e contenção”, disse o autor de uma nova biografia da empresária angolana, Filipe S. Fernandes.
Numa entrevista à VOA, Fernandes frisou que não falou com a bilionária angolana, mas que através de pessoas que a conhecem ou que com ela têm negócios ficou com a ideia de que Isabel dos Santos é uma pessoa de hábitos simples.
“Aliás, mesmo da forma como se veste, sem deixar de ser elegante, é discreta não chama a atenção”, disse o autor que fez notar que mesmo as jóias que usam são “discretas”.
“Toda ela é muito discreta e acho que é uma pessoa simples, mas não deixa de ser uma pessoa com alguns gostos sofisticados,” disse.
“Eu creio que já passou férias nos melhores sítios que há para quem tem dinheiro, mas não é uma empresária que anda a exibir a sua fortuna aqui e ali,", adiantou o jornalista e escritor.
Filipe Fernandes disse que a iniciativa da “biografia empresarial”, intitulada “Isabel dos Santos - Segredos e poder do dinheiro”, veio de uma editora e baseou-se em contactos com pessoas ligadas à empresária angolana través de negócios.
Pessoas ligadas á área de comunicação de Isabel dos Santos disseram estar posta de parte uma entrevista com ela, pois a própria afirma que “pessoas de 40 ano não têm biografia”.
Apesar disso, o autor ficou surpreendido com “o mistério” que se diz rodear Isabel dos Santos pois “apesar de tudo há alguma informação”.
Fernandes afirmou ter ficado convencido de que, ao contrário do que se possa pensar que Isabel dos Santos “vai atrás de oportunidades”, a empresária tem apenas duas ou três áreas de negócios e são essas que ela mantém.
"Essas áreas “basilares”, disse, são as telecomunicações, energia e finanças.
“Depois obviamente e como todos os grupos económicos e empresários há pequenos negócios que vai tentando explorar, que vai crescer ou não, e que um dia se calhar ela alienará”, acrescentou.
O jornalista disse que há também “um sentido de alguma estratégia que é não deixar de estar nos centros onde às vezes se decidem estratégias que afectam os negócios”.
“Eu penso que os investimentos dela na banca e a tentativa nas telecomunicações tiveram mais a ver com o estar presente onde se determinam estratégias que possam afectar Angola do que propriamente investir em Portugal ou ser uma grande empresária na área das finanças e das telecomunicações portuguesas”, acrescentou.
Interrogado se o seu poder económico se devia ao poder politico do pai ou da família Filipe S. Fernandes disse ser isso "óbvio".
“Se nós vemos que em países de democracias instaladas e de economias de mercado já muito desenvolvidas a proximidade com o poder permite ganhar contractos, num país centralizado, onde tem que se criar empresários, mais fácil é que a proximidade no poder permite que se criem empresários”, explicou.
A guerra civil destruiu o país e impediu também a criação de um empresariado, fez notar Filipe Fernandes, para quem, depois da guerra havia dois caminhos: "o fundamental era garantir a paz e ocupar os generais e as pessoas ligadas ao regime, bem como também à Unita”.
“Cruzava-se isso com a ascendência de pessoas com mais capacidade em termos de formação académica e capacidade de gestão e portanto criou-se essa classe empresarial que para uns será uma clique, mas para outros será uma classe em que está Isabel dos Santos,” disse o autor.
Contudo, o autor acrescentou ser “muito evidente” que Isabel dos Santos não tem familiares nos seus negócios que envolvem a Sonangol e algumas conhecidas figuras da cena politica angolana.
O jornalista português afirmou ainda que nos seus contactos muitos empresários expressaram admiração pelo facto de a filha do Presidente angolano “ter uma equipa de gestão muito forte e muito boa”.