Parte da população não gostou de tal investimento, visto que a infra-estrutura no Brasil ainda não suporta a demanda de produtos exportados pelo país. Como prova disto, no ano de 2013 o país deixou de exportar para China por atrasos na carga e descarga dos portos.
Segundo o Gazeta do Povo, a Sunrise, maior comercializadora chinesa de soja, anunciou que irá cancelar a compra de quase dois milhões de toneladas do produto devido ao atraso provocado pela falta de infra-estruturas no Brasil.
O presidente da Aprosoja (Associação Brasileira de Produtores de Soja) Gabriel Silveira dos Santos disse que a China compra 60% da soja exportada pelo país e os danos gerados pelo gargalo logístico estao fazendo o Brasil perder credibilidade.
Enquanto isto, os compradores chineses afirmaram que os entraves farão com que troquem a soja do Brasil pela dos Estados Unidos.
Porém, será que realmente todo mundo está sabendo bem sobre este investimento?
A verdade é que muitas pessoas não tem conhecimento de todo este plano.
O professor Diego Pautasso da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), explica que o investimento é do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), um fundo criado pelo governo para emprestar dinheiro para empreendimentos que visem o desenvolvimento nacional com financiamentos de longo prazo com taxas de juros menores do que as oferecidas no mercado.
Claro, o fundo realmente tem dinheiro público, porém o governo não sai perdendo, pois a partir dos investimentos feitos, receberá o dinheiro de volta por via de empréstimo.
O professor explica que, neste caso, a empresa Odebrecht foi quem requisitou o dinheiro para construir tal porto e não o governo, porém as pessoas insistem em dizer que o governo deveria, primeiramente, investir nos próprios portos.
Ele diz que os dois lados tem razão e por isso mesmo o governo resolveu abrir a concessão em cerca de 10 terminais para ajudar no escoamento de toda a mercadoria exportada.
Mesmo com protestos da população, o governo não foi contra tal investimento, pois acredita que este porto ajudará muito as empresas brasileiras a fomentar as exportações para os países das Caraíbas, visto que elas irão se instalar na região próxima ao porto para aproveitar a mão de obra qualificada e os incentivos fiscais.
Sendo assim, esta seria uma estratégia adoptada pelo Brasil para comercializar mais com o resto da América, como os países das Caraíbas e Estados Unidos.
Muitas pessoas se perguntaram, por que investir em Cuba?
O governo optou por este local devido ao isolamento de Havana, ou seja, não há muita concorrência com países mais preparados do que o Brasil. Sem ameaças no curto prazo para o Brasil, o país pretende conquistar parte do mercado da região.
Ainda não se sabe ao certo quais as empresas brasileiras que irão construir suas indústrias na região, porém pode-se notar uma tendência de indústrias de alta tecnologia, o que aproveitaria a eficiência da mão de obra dos cubanos.
Uma das grandes opções pode ser o sector farmacêutico, área em que o Brasil necessita desenvolver mais.
A analista Daniela Castro, do Canal Rural do Brasil, afirma que a tendência é de que seja um porto estratégico para futuras exportações para os Estados Unidos e para América do Norte e Central como um todo.
Porém, ela acredita que o governo brasileiro ainda necessita melhorar os seus próprios portos para exportar produtos brasileiros para outros lugares, e assim como meios de transporte como rodovias, que ainda não são ideais para o escoamento de tantas cargas, mesmo sendo este último responsável por mais de 60% dos meios de transporte no país.
Ainda, conforme a analista, o governo deveria fazer mais pesquisas antes de começar os projectos e investir visando o longo prazo, pois muitas vezes as obras começam sem planejamento.
Portanto, a construção do porto em Cuba deve ser analisada a fundo.