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Invasão de minas coloca em risco empresas de diamantes em Angola


Angola, sede da ENDIAMA
Angola, sede da ENDIAMA

Fontes da Voz da América apontam que os invasores são estrangeiros associados a angolanos poderosos

O presidente do Conselho de Administração (PCA) da ENDIAMA, empresa pública de dimantes de Angola, diz que várias minas de exploração de diamantes nas Lundas sofrem invasões de garimpeiros quase todos os dias.

José Manuel Ganga Júnior, citado pela agência de notícias Angop, avisa que, se a situação se mantiver, muitas empresas serão forçadas a encerrar e a despedir trabalhadores.

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Em causa, nomeadamente, as minas de Chitotolo, Lunhinga, Lulo e Luminas, mas, garante Ganga Júnior, esses grupos de invasores estão devidamente organizados.

Um antigo trabalhador de uma destas minas que não quis ser identificado por medo de represália disse à Voz da América que o PCA da ENDIAMA esqueceu-se de mencionar igualmente o Calonda, uma área adjacente ao Lucapa em que quase todos os dias há invasões.

José Manuel Ganga Júnior, presidente da Endiama, Angola
José Manuel Ganga Júnior, presidente da Endiama, Angola

A mesma fonte acrescentou que a maior parte destes invasores é de estrangeiros que estão associados a angolanos poderosos que corrompem os seguranças das minas e entram pela porta da frente.

O mais velho Milonga, antigo trabalhador das minas, confirma que "os responsáveis são os próprios seguranças das minas que facilitam a entrada de estranhos"

O soba Kapemba, parlamentar da UNITA pelo ciclo provincial da Lunda-Sul, diz que "as forças de segurança das minas, como não ganham quase nada com a proteção destas zonas, a tendência é colaborar com outros agentes externos para, na calada da noite, entrarem com estes grupos organizados".

Aquele deputado assegura que os responsáveis da ENDIAMA conhecem estas pessoas que maioritariamente são estrangeiras.

"São ações premeditadas e organizadas por elementos do próprio regime angolano, a maioria destes grupos são estrangeiros, como congoleses, oeste-africanos, entre eles malianos, senegaleses, que possuem grupos de exploração artesanal de diamantes, entre outros".

Do ponto de vista económico, se estas empresas encerrarem como alertou o PCA da ENDIAMA o economista Damião Cabulo entende que, em termos de prejuízos, não terá grande impacto na população.

"Neste negócio dos diamantes não há transparência, tudo fica no segredo dos deuses, para nada serve a exploração de um recurso que supostamente seria de todos, mas que em nada beneficia a maioria, para população é indiferente se este negócio rende ou deixa de render".

Por seu lado, o jurista Pedro Caparakata corrobora que "quem está a invadir tem ligação com pessoas de poder, com mais poder que as próprias seguranças das minas, essas pessoas têm poder político e militar, são os únicos com capacidade para entrar nas zonas de exploração diamantífera, fora disso é tudo mentira".

Ao discursar no encerramento do encontro de balanço semestral da produção de diamantes, na sexta-feira, 1, no Dundo, José Manuel Ganga Júnior recomendou as empresas a se estruturarem, para em curto, médio e longo prazo, apostarem em fábricas de lapidação e na indústria joalheira.

Ele revelou que, em 2022, os produtores de diamantes facturaram 16 mil milhões de dólares norte-americanos, os lapidadores 21 mil milhões de dólares e o negócio de joias com a pedra preciosa rendeu 74 mil milhões de dólares.

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