O número de mortos e desaparecidos nas inundações e deslizamentos de terra provocados pela tempestade tropical Trami nas Filipinas atingiu pelo menos 126.
A tempestade tropical Trami afastou-se do noroeste das Filipinas na sexta-feira, 25, deixando pelo menos 85 mortos e 41 desaparecidos, numa das tempestades mais mortíferas e destrutivas registadas este ano no arquipélago do Sudeste Asiático, segundo a agência governamental de resposta a catástrofes.
Mais de 5 milhões de pessoas foram atingidas pela tempestade, a maioria das quais fugiu para mais de 6.300 abrigos de emergência em várias províncias, informou a agência governamental.
Prevê-se que o número de mortos aumente à medida que forem sendo recolhidas informações nas zonas que ficaram isoladas.
Dezenas de polícias, bombeiros e outro pessoal de emergência, apoiados por três retroescavadoras e cães farejadores, desenterraram um dos dois últimos aldeões desaparecidos na aldeia de Talisay, na província de Batangas, no sábado.
O choro de um pai
Um pai, à espera de notícias da sua filha desaparecida de 14 anos, chorou enquanto os socorristas colocavam os restos mortais num saco preto. Desolado, seguia as autoridades que transportavam o saco por um beco em direção a uma carrinha da polícia, quando um residente se aproximou para lhe apresentar as suas condolências.
O homem disse ter a certeza de que era a sua filha, mas as autoridades têm de efetuar testes para confirmar a identidade da pessoa desenterrada no monte.
Num ginásio situado nas proximidades, no centro da aldeia, encontrava-se uma fila de caixões brancos com os restos mortais de pessoas encontradas sob camadas de lama, pedras e árvores que caíram pela encosta íngreme de uma colina arborizada na aldeia de Sampaloc, em Talisay, na tarde de quinta-feira, 24.
"É muita água"
O Presidente Ferdinand Marcos, que no sábado inspecionou outra região gravemente afetada a sudeste de Manila, afirmou que o volume invulgarmente elevado de precipitação causado pela tempestade - mesmo em algumas zonas onde caiu o equivalente a um ou dois meses de chuva em apenas 24 horas - excedeu largamente os controlos das inundações nas províncias atingidas pelo Trami.
“Foi simplesmente demasiada água”, disse Marcos aos jornalistas.
“Ainda não terminámos o nosso trabalho de salvamento”, sublinhou.
O nosso problema é que ainda há muitas zonas inundadas a que nem os camiões grandes conseguem aceder"Ferdinand Marcos - Presidente das Filipinas
Marcos acrescentou que o governo vai se preparar para o início dos trabalhos de um grande projeto de controlo das inundações que possa fazer face às ameaças sem precedentes colocadas pelas alterações climáticas.
Numa reunião de emergência do Conselho de Ministros, Marcos manifestou a sua preocupação com os relatórios dos meteorologistas do Governo, segundo os quais a tempestade, a décima primeira a atingir as Filipinas este ano, poderia dar uma reviravolta na próxima semana, ao ser empurrada para trás por ventos de alta pressão no Mar da China Meridional.
Prevê-se que a tempestade atinja o Vietname no fim de semana, se não desviar a sua rota.
O Governo filipino encerrou as escolas e as repartições públicas pelo terceiro dia consecutivo, a fim de garantir a segurança de milhões de pessoas na ilha de Luzon, no norte do país. Os serviços de ferry entre ilhas foram também suspensos, deixando milhares de pessoas retidas.
O tempo melhorou em muitas zonas no sábado, permitindo a realização de trabalhos de limpeza, na maioria das zonas.
Todos os anos, cerca de 20 tempestades e tufões atingem as Filipinas, um arquipélago do Sudeste Asiático situado entre o Oceano Pacífico e o Mar da China Meridional. Em 2013, o tufão Haiyan, um dos ciclones tropicais mais fortes de que há registo, causou a morte ou o desaparecimento de mais de 7 300 pessoas e arrasou aldeias inteiras.
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