Portugal enviará mais 60 soldados a Moçambique como parte de um novo acordo de cooperação, que visa ajudar o país a enfrentar uma insurgência ligada ao Estado Islâmico na província de Cabo Delgado, disse nesta segunda-feira, 10 o ministro da Defesa de Portugal, João Cravinho, após assinar um acordo-quadro de cooperação entre Lisboa e Maputo com o seu homólogo moçambicano Jaime Neto.
O acordo, que vai até 2026, permite a Portugal treinar soldados locais para enfrentar a insurgência, compartilhar inteligência e ajudar o país a usar drones para rastrear o movimento dos insurgentes.
Neste momento, 60 elementos das forças especiais portuguesas já estão a treinar soldados em Moçambique, após um grande ataque na vila de Palma, a 24 de Março.
A assinatura deste novo programa coincidiu com o arranque hoje das actividades de formação de fuzileiros das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique em Catembe.
O ministro português da Defesa, João Gomes Cravinho, sublinhou que o novo programa de cooperação, na área da defesa, é de continuidade, mas também de evolução.
“Adicionou- se um projecto importante de formação de tropas especiais moçambicanas em Catembe e Chimoio, para apoiar o combate ao terrorismo. Isto nos leva a quadruplicar o número do efectivo militar português em Moçambique”, sublinhou Gomes Cravinho
Por seu lado o ministro moçambicano da Defesa, Jaime Neto, ao se referir aos ataques em Cabo Delgado, disse que a comunidade internacional deve olhar para o balanço desses ataques e não virar as costas à Moçambique.
“Neste momento contabilizamos duas mil pessoas que perderam a vida entre civis e militares. Temos mais de 800 mil pessoas deslocadas. É um sofrimento que nós achamos que a comunidade internacional deve abraçar e apoiar Moçambique”, afirmou Jaime Neto, destacando que o tráfico de drogas e de órgão humanos são as principais causas para os ataques terroristas registados nos últimos anos no norte de Moçambique.
A assinatura do novo programa-quadro de cooperação entre Maputo e Lisboa, em Oeiras, Portugal, acontece dias depois da União Europeia (UE) ter decidido enviar uma missão civil a Moçambique.
A União Europeia também pode enviar entre 200 e 300 soldados da UE para missões de treino, afirmou chefe da diplomatia do bloco, Josep Borrell, numa entrevista à Rádio Renancenca, de Portugal, nesta segunda-feira.
Moçambique tem lutado com a insurgência na província de Cabo Delgado, no extremo norte, desde 2017, mas os insurgentes aumentaram a sua violência, no ano passado.
Em Março, um ataque a Palma, onde se encontra o bilionário projecto de gás natural liquefeito, levou a gigante francesa Total a suspender os trabalhos e a retirar o seu pessoal de região até haver condições de segurança