Jovens de Vulanjane e de outras localidades do distrito de Inhassoro, onde a multinacional Sasol tem o projecto de exploração de gás natural, na província de Inhambane, bloquearam a Estrada Nacional Número 1 (EN1), em protesto contra a sua exclusão daquele megaprojecto.
Analistas advertem que o Estado deve olhar para este facto como uma verdadeira ameaça.
A Televisão de Moçambique mostrou imagens de um troço da EN1, a mais importante do país, que ficou bloqueado em Vulanjane, durante cerca de uma hora.
O motivo da manifestação tem a ver com a falta de oportunidade para jovens da província nos megaprojectos em desenvolvimento na zona de Pande/Temane, ligados sobretudo ao petróleo e gás.
Alguns analistas defendem que não se pode transferir todas as culpas à Sasol, porque quem deve preparar as pessoas para poderem prestar serviços à indústria extractiva é o Estado.
O investigador Borges Nhamirre diz que, para além disso, a indústria extractiva emprega pouca mão-de obra, pelo que é preciso que o Estado estude formas de criar oportunidades de trabalho sobretudo para os jovens.
Diálogo
Nhamirre avançou que "não é possível empregar todas as pessoas na Sasol, mas esta multinacional também deve investir em projectos que beneficiem as comunidades e sobretudo na formação técnica dos jovens locais; o Estado deve olhar para a manifestação de Vulanjane como uma verdadeira ameaça, que no futuro pode ser uma coisa gigante".
"O que se viu em Vulanjane é uma das consequências da má implementação de certos projectos", considerou o analista Tomás Rondinho, para quem "o projecto da Sasol praticamente, não prevê a inclusão de jovens locais, não só naquele megaprojecto como noutros de desenvolvimento ali em curso".
A administradora distrital de Inhassoro, entrevistada a propósito da paralisação do trânsito na EN1, longe de condenar a manifestação, disse que o Governo pretende dialogar com um grupo representativo dos jovens e vai fazê-lo já esta sexta-feira, 30.
Tentámos, sem sucesso, ouvir a reacção da multinacional Sasol.