Quatro décadas e meia depois da independência nacional, o sentimento nas ruas de São Tomé e Príncipe é de frustração e revolta, pela forma como os dirigentes têm conduzido os destinos do país.
Na conversas com cidadãos nas ruas da capital do país, dirigentes e analistas, a VOA encontrou frustração e desejos de um futuro melhor.
“A independência não nos trouxe o desenvolvimento que esperávamos, passados 45 anos a maioria do povo vive na miséria”, disse Gastão Ferreira, secretário geral do Sindicato dos Professores.
O cidadão Anísio Quintas acrescenta que “ser independente e o povo viver em extrema dificuldade não basta”.
Na opinião dos analistas Liberato Moniz e Fernando D’Alva os ideais de desenvolvimento lançados a 12 de julho de 1975 foram abafados pela corrupção, nepotismo, ódio e vingança”.
Os 15 anos de regime de partido único do Presidente Manuel Pinto da Costa ficaram marcados por intrigas, conspiração, perseguição política e a destruição da economia das propriedades agrícolas deixadas pelos colonos portugueses.
Nos restantes 30 anos de regime democrático, instalado a partir de 1990, o país de 1.001 quilómetros quadrados e pouco mais de 200 mil habitantes conheceu perto de duas dezenas de governos, em média um por ano.
“A instabilidade é propositada porque facilita a corrupção”, afirmou Liberato Moniz, acrescentando que “existem políticos que ao longo destes anos usurparam vários bens do Estado, em prejuízo de interesses coletivos e nada fizeram para o desenvolvimento do país”.
No entender de Moniz, os interesses pessoais e de grupos conduziram o país a uma bipolarização política, “muito nefasta para o futuro e o desenvolvimento do arquipélago”.
Para ele “esta bipolarização tem contribuído para uma coisa muito grave, a incompetência só por filiação partidária”.
Muitos cidadãos afirmam ter perdido a confiança nos políticos e nas instituições que suportam o regime democrático.