Analistas moçambicanos dizem que com a falta de infra-estruturas e de um sistema de microcrédito eficiente em regiões mais carentes de serviços bancários vai ser difícil por em prática a estratégia de inclusão financeira pretendida pelo Governo.
O Banco de Moçambique diz-se empenhado numa estratégia de inclusão financeira das pessoas, mas não está claro que população é que, de facto, vai beneficiar disso. Também não se sabe quantas pessoas não têm acesso a serviços financeiros no país.
Dias Macuácua, do Departamento de Supervisão do Banco de Moçambique, afirma que o que se pretende é que os serviços financeiros cheguem às pessoas.
Macuácua realçou que "as pessoas têm que ter acesso a recursos financeiros para as suas vidas".
Entretanto, a antiga primeira-ministra Luísa Diogo considera que, em Moçambique, vários factores contribuem para a exclusão financeira, entre os quais se destaca a falta de infra-estruturas diversas, incluindo estradas, redes de telecomunicações eficientes e energia, entre outras.
A antiga governante moçambicana assinalou que outros factores têm a ver com o desenho de produtos financeiros sem ter em conta a apetência e o desejo dos utilizadores, juros altos e a auto-exclusão, devido à falta de educação financeira.
Por seu turno, o economista Jorge Matine considera que a inclusão financeira passa também por um compromisso claro, do Governo, com conceitos nacionais de desenvolvimento e não com questões de segurança como tem acontecido em Moçambique.
Matine afirmou ainda que os sectores que podem contribuir para a redução da pobreza das pessoas continuam negligenciados e lamenta que as condições de segurança não melhorem, apesar da primazia que se dá a este sector.
Para o economista Luís Valoi, é preciso pensar no cooperativismo de crédito e no microcrédito, sobretudo este último, que contribui para o desenvolvimento das regiões mais carentes de serviços bancários.
Segundo Valoi, cerca de dois mil milhões de pessoas no mundo, não têm acesso a qualquer tipo de serviço financeiro.