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Impacto do Ébola nas Mulheres e na Economia da África Ocidental


Mais de metade dos casos de Ébola na África ocidental correspondem a mulheres, a economia está a ser abalada e um relatório da OMS aponta para o aumento de casos, o que poderá ser catastrófico

Mais de metade dos casos de Ébola na África ocidental correspondem a mulheres e as organizações humanitárias dizem que as mulheres são igualmente as mais afectadas economicamente devido às restrições nas fronteiras e nas viagens.

Segundo um relatório da Organização Mundial de Saúde, conhecido esta Terça-feira, 23, seis meses depois do maior surto da doença, os dados apontam para o aumento de casos, o que poderá ser catastrófico.

A Agência para a Igualdade de Género e Empoderamento da Mulher, das Nações Unidas, também conhecida por Mulheres ONU, diz que 55 por cento dos casos de Ébola nos países afectados corresponde a mulheres e raparigas.

Na Libéria, mais de 75 por cento das mortes foram de mulheres.

A directora regional da Mulheres ONU para a África Central e Ocidental,
Josephine Odera, diz que o "Ébola não é uma doença dirigida às mulheres, mas devido ao papel que desempenham acabou por resultar nisso. Nas famílias, elas são quem cuida dos doentes. Em certas comunidades elas são as responsáveis por lavar os corpos dos mortos, são elas quem os vestem. Devido a este tipo de papéis elas estão num nível alto de exposição e muitas delas dão-se conta de que estão a morrer”, explicou.

Além de serem as mulheres mais trabalha no sector da saúde, as fronteiras encerradas e as restrições às viagens contituem um grande desafio. Na Libéria por exemplo, as mulheres correspondem a 70 por cento das pessoas que atravessam as fronteiras devido ao comércio.

Brahima Kaba, embaixador da Libéria no Senegal, em declarações à Voz da América, referiu que "encerrar as fronteiras tem prejudicado mais do que ajudado os países africanos", lembrando que "as mulheres contribuem para o sector informal mais do que os homens".

"Por isso, neste caso está-se a cortar a única fonte de rendimento que as mulheres têm e a torná-las mais pobres. Aumenta a pobreza entre as mulheres e as suas famílias. Por isso mulheres ao longo da fronteira perdem. É um impacto económico muito sério", evidenciou.

A Mulheres ONU diz que a produção alimentar também está a sofrer, uma vez que as mulheres constituem a maior parte dos pequenos agricultores na Libéria.

“Se olhar para os mercados que estão a ser encerrados, eles são a maior fonte de subsistência das mulheres. Não digo que os mercados não devam ser encerrados, mas são necessárias medidas sanitárias e que eduquem as pessoas, para que algum comércio possa continuar e as mulheres não serem votadas ao empobrecimento”, disse.

Musu Tarnue, a directora executiva da ONG "Mulheres em Acção" na Libéria, diz que é altura de reverter esta tendência: “Acreditamos que as mulheres devem ser tidas em consideração quando se planeia lutar contra o Ébola. A nossa preocupação é diária. A nossa organização pede ao governo que desenvolva um programa especial para educar as mulheres.”

Apoio financeiro e técnico poderá ser solução

Tarnue diz que este programa deverá incluir mulheres-alvo com mensagens sobre os sintomas e métodos de prevenção, ajudando as mulheres a ter acesso a mercados e zonas de comércio seguros e a melhorar a economia das famílias chefiadas por mulheres afectadas pelo Ébola, com poupanças e planos de empréstimos e acesso ao crédito.

Acrescentando que as mulheres também precisam de ter acesso a equipamento de protecção adequado, como óculos, máscaras, luvas, sempre que cuidam dos doentes.

Passados seis meses a Organização Mundial de Saúde registou mais de 5.800 casos, mais de 2.800 mortes, números que podem quadruplicar até ao final de Outubro, reporta o relatório da OMS publicado esta Terça-feira, que indica que 70 por cento dos doentes de Ébola morrem.

As boas notícias, segundo o relatório, é que doentes que tenham assistência médica imediata têm maior probabilidade de sobreviver, que indica também que Senegal e Nigéria não registaram quaisquer casos nos últimos 21 dias, diz o relatório.

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