A embarcação que, no domingo (7), naufragou e fez 98 vítimas mortais, na Ilha de Moçambique, tinha capacidade para transportar 13 pessoas, mas na altura do incidente estavam a bordo 130.
O dado divulgado por uma perícia das autoridades revela deficiências no transporte marítimo em várias zonas de Moçambique, país com uma vasta costa.
Silvério Nauaito, administrador da Ilha de Moçambique, reconheceu não haver meios de transporte marítimo adequados para a movimentação de pessoas na região.
Além de exceder a capacidade em 10 vezes, o governo da Ilha disse que o barco, que partiu do posto administrativo de Lunga, não teve comunicação no percurso com as autoridades marítimas e não era apropriado para o transporte de passageiros.
Na sequência, o ministro dos transportes e comunicações, Mateus Magala, que orientou um encontro de emergência na Ilha de Moçambique, disse que a sua missão visa prestar “solidariedade às famílias enlutadas (...) e a todos aqueles que ficaram afetados. Magala que ainda trocar "impressões sobre o que aconteceu,” e ver formas de evitar que isto volte a acontecer.
Críticas
Enquanto isso, o partido Movimento Democrático de Moçambique, em Nampula (MDM), através da sua secretária-geral, Leonor Lopes, pediu ao governo para tomar a questão do transporte marítimo com seriedade.
“O MDM insta a quem de direito a declarar luto nacional por 24 horas, e chamamos atenção às autoridades marítimas para que sejam atentas com as embarcações existentes. Não só na ilha de Moçambique, onde aconteceu esta triste tragédia, mas em todo o país," disse Lopes.
Igualmente pediu luto nacional o presidente da Renamo, Ossufo Momade, líder da oposição.
Para Momade, “o governo que decrete luto nacional e que este momento seja reconhecido pelas autoridades como mais um sinal de negligência e falta de segurança públicas”, disse, citado pelo diário O País, de Maputo.
As vítimas do naufrágio fugiam de Lunga para a Ilha de Moçambique seguindo um boato sobre o surto de cólera e malária.
A maioria das vítimas foi a enterrar na Ilha de Moçambique e no posto administrativo de Lunga.
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