Em cada 10 angolanos apenas três têm acesso à água da rede pública, de acordo com dados fornecidos recentemente pela Direção Nacional das Águas (DNA), durante o VIII Conselho Consultivo do Ministério de Energia e Águas.
Na investimentos nas infraestruturas necessárias para expandir a rede e acompanhar o ritmo de crescimento das cidades.
As autoridades que superintendem o sector também apontam as baixas tarifas praticadas como uma das causas da instabilidade e da qualidade dos serviços fornecidos pelas empresas públicas de águas, assim como a sustentabilidade financeira das mesmas.
O país dispõe de 47 bacias hidrográficas principais, mas a maioria da população ainda enfrenta enormes dificuldades no acesso à água potável, especialmente nas áreas rurais devido ao crescimento desigual do país.
A cidade de Luanda tem três rios à sua volta, mas a maioria dos bairros periféricos vivem de água fornecida por cisternas o que para analistas ouvidos pela Voz da América traduz a falta de investimentos no sector à altura do crescimento demográfico das cidades.
Para o director de projectos da ADRA -Ação para o Desenvolvimento Rural e Ambiente na província da Huíla, Anivaldo Pena, a situação das grandes cidades assemelha-se ao meio rural que tem como principal fonte de água para as comunidades os rios, as lagoas e as cacimbas cujo consumo representa um perigo para a saúde humana e animal.
Anivaldo Pena defende a construção de mais infraestruturas no meio rural e uma melhor distribuição e gestão de água a partir das fontes de captação .
“Os programas anunciados pelo governo para as províncias do sul do país estão a levar tempo para serem implementados”, defendeu.
O negócio informal da água nos subúrbios das cidades, as ligações clandestinas na rede são outros fatores que prejudicam o funcionamento do sistema na visão do ambientalista e responsável da Rede de Terra Angola, Bernardo Castro.
Aquele ambientalista fala em “segregação institucionalizada da maioria da população angolana no acesso à água e uma máfia no negócio privado em Luanda, em particular”.
O Instituto Regulador dos Serviços de Electricidade das Águas (ARSEA) alega que a pouca atração de empresários no negócio das águas, a falta de investimentos, como estando na base do atraso na expansão do sub-sector.
Dados do I semestre deste ano e revelam que em todo o país está instalada uma capacidade de produção de 1,5 milhões de metros cúbicos/dia com mais de 52 por cento desta capacidade contratada em Luanda.
Na sua última mensagem sobre o estado da Nação por ocasião do início de mais um ano legislativo, o Presidente da República reconheceu a situação do abastecimento de água no país como sendo “mais crítica".
João Lourenço revelou que o crescimento demográfico e a expansão desordenada de vários aglomerados urbanos “colocam-nos desafios que precisam de soluções rápidas”.
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