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"Há fome camaradas, há pobreza, há mortes sociais que têm de nos preocupar", diz deputado do MPLA


Seca nos Gambos, província da Huíla, Angola
Seca nos Gambos, província da Huíla, Angola

Álvaro de Boa Vida Neto pediu soluções para mitigar a situação de fome no sul de Angola e arcebispo d

O Governo angolano continua a resistir aos sucessivos apelos para declarar o estado de emergência no sul de Angola, apesar dos pedidos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), de organizações não governamentais e de muitos activistas.

Novos gritos de alerta e socorro sobre a fome em Angola – 2:33
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Agora, Álvaro de Boavida Neto, deputado e membro do grupo de acompanhamento do Comité Central do MPLA para a província da Huíla, admite a necessidade de mais investimentos no sector social para um momento que considera difícil.

“Convém assumir camaradas que o país não está a viver um período bom. Há fome camarada, há pobreza, há mortes sociais que têm de nos preocupar. Aqui particularmente temos a seca como fenómeno natural que afecta determinadas zonas contra o qual devemos procurar soluções para mitigar os efeitos negativos”, afirmou Boavida Neto.

Este alerta de um deputado do partido no poder surge numa semana em que começa a discussão no Parlamento em torno do Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2022.

Outra voz que se levanta é a administrador do bairro do Kuawa, na periferia do Lubango, Francisco Jaime, quem defendeu a suspensão de todos os investimentos publicos perante um quadro que considera de emergência.

“O Estado angolano neste momento deveria abandonar todo o tipo de investimento quer em estradas e em outras infraestruturas que leva muitas receitas, essas receitas todas deveriam ser canalizadas para a compra de comida na China e na Índia”, propos Jaime.

Por seu lado, o arcebispo do Lubango, Dom Gabriel Mbilingui, voltou a revelar-se preocupado com a situação de fome na região sul e apelou às autoridades a agirem de emergência para acudir as populações afectadas,

Depois de visitar o município de Caluquembe, situado no chamado corredor do milho, (Chicomba e Caconda) onde a fome também está a fazer das suas, o líder católico, defendeu ser preciso fazer mais para combater a fome.

Dom Bilingui vai mais longe e diz mesmo que o combate à fome devia estar no centro das prioridades em Angola.

“Será que é mais urgente neste momento gastar recursos económicos e financeiros para uma campanha eleitoral quando na verdade os protagonistas principais das eleições são pessoas que estão a morrer? Porque se nós hipotecarmos o futuro de Angola, porque não assistimos não olhamos para aquilo que neste momento faz parte da sobrevivência deste país, não é sobrevivência dos angolanos só os que morrem de fome os que vão ficando debilitado dia a dia por causa da fome, é um caso de soberania nacional”, afirmou.

Dados

Entretanto, a o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas voltou a alertar nesta segunda-feira, 8, que o número de pessoas à beira da fome em 43 países subiu para 45 milhões, à medida que a fome aguda aumenta no todo o mundo e Angola é um dos países nessa situação.

O número de pessoas em situação de insegurança alimentar aguda grave nas províncias angolana da Huíla, Namibe e Cunene poderá passar dos actuais 1,32 milhões para 1,58 milhões até Março de 2022, revelou um inquérito publicado no Lubango pelo projecto de Fortalecimento da Resiliência Alimentar e Nutricional no Sul de Angola, (FRESAN).

Como a VOA noticiou na altura, o inquérito, inserido no projecto de combate às alterações climáticas apoiado pela União Europeia (UE), é um dos primeiros estudos realizados entre Março e Maio de 2021 sobre o impacto da seca na região sul.

A escassez de chuvas e os efeitos decorrentes da seca, o aumento generalizado dos preços dos alimentos e a praga de gafanhotos que afectou grandes comunidades da região estão na base da actual situação.

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