Dezenas de professores abandonam todos os anos o interior da província angolana da Huíla alegando falta de condições laborais.
Dificuldades de acomodação, transporte e a falta de pagamento do subsídio de isolamento desencorajam muitos professores a se manterem lá onde concorreram e por esta razão são forçados a solicitar transferências para trabalhar na capital da província.
José Aguinaldo, professor no município de Quipungo a mais de 120 quilómetros a leste da cidade do Lubango, considera as dificuldades de acesso ao interior um grande problema.
“Por exemplo, no sítio onde eu trabalho quando chove é extremamente difícil chegar à escola, sobretudo os acessos”, diz.
Pacote Sambambi precisa percorrer 16 quilómetros de ida e volta para atingir a localidade da Muala no interior da comuna da Huíla nos arredores do município do Lubango.
O também docente lamenta as condições em que muitos alunos estudam com impacto negativo no processo de ensino e aprendizagem.
“Aescola também não tem muitas condições, os alunos ainda sentam sobre pedras, muitas vezes por causa do número de alunos somos forçados a criar turmas debaixo das árvores onde há um outro risco porque já houve situações de serpentes terem caído das árvores e colocado os alunos em susto em debandada", conta Sambambi, quem lembra ainda a insuficiência de salas e falta de material”.
Apesar das tentativas em evitar a fuga dos professores do interior para a cidade, o director municipal da Educação de Quipungo, Américo António, que vive esse exercício todos os anos, diz que será difícil cobrir as vagas existentes, enquanto não forem resolvidos os problemas de base.
“Temos que pensar também nas estruturas nas mínimas condições para travarmos os professores aqui porque enquanto isso não acontecer não teremos como, porque os professores vêm e depois querem ir" diz António que já transferiu "mais de 25 professores no ano lectivo 2021/2022”.
O Governo aprovou para serem implementados, ainda no presente ano, os chamados incentivos de mobilidade para o pagamento dos subsídios de isolamento, instalação e de renda de casa.
O Sindicato Nacional dos Professores (SINPROF) defende melhorias nesse diploma, segundo o secretário da organização no Cunene, Augusto Baptista, num encontro recente no Lubango.
“Foi mal aplicado o diploma porque ainda temos localidades que situam-se nas categorias do tipo A e B, mas têm características do tipo C e D e nós estamos a bater na tecla a ver se seja revisto esse diploma para contemplar os professores neste domínio”, afirma.
Para atender os problemas da educação, o governador da Huíla, Nuno Mahapi, manifestou o desejo de construir 24 salas de aula por ano com vista a acabar com o elevado número de crianças fora do sistema de ensino, uma ambição que pode esbarrar nas questões orçamentais.
Fórum