As autoridades angolanas devem investigar com urgência a aparente execução sumária de um suposto criminal por policias em Luanda que foi capturada em vídeo e compartilhada nas redes sociais, defendeu nesta quarta-feira, 6, a organização não governamental Human Rights Watch (HRW).
Num comunicado, o director da HRW para África Austral, Dewa Mavhinga, diz que “o assassinato é um das dezenas de casos reportados de assassinatos de jovens suspeitos de crimes por supostos policiais em Angola”.
Nas filmagens, gravadas por uma mulher que disse ter testemunhado o incidente a 1 de Junho de 2018, um agente do Serviço de Investigação Criminal de Angola (SIC) aponta uma arma de assalto contra um homem deitado na estrada, incapaz de se levantar.
Minutos depois, ainda de acordo com a nota, o outro agente com uma arma chega ao local e dispara vários tiros contra o homem deitado no chão.
"A polícia angolana tem a responsabilidade de combater o crime dentro dos limites da lei e aqueles que não o fazem devem enfrentar punição", exige Mavhinga, para quem “a aparente execução a sangue frio de um suspeito requer que as autoridades angolanas investiguem de forma rápida e imparcial os membros da unidade de investigação criminal e processem adequadamente qualquer irregularidade.”
O Ministério do Interior de Angola divulgou um comunicado a confirmar e condenar a execução.
O porta-voz do Ministério, Simão Milagre, revelou estar em curso um inquérito para a "responsabilização criminal e disciplinar" do agente do SIC acusado de executar o suspeito de roubo.
“Achamos que foi desproporcional porque o jovem estava desarmado. Lamentamos o facto, devemos acrescentar que o senhor ministro orientou a abertura de um inquérito para se apurar as responsabilidades”, afirmou Milagre.
Recorde-se que o jornalista e activista Rafael Marques publicou em 2017 um relatório em que aponta para 50 casos suspeitos de execução sumária, num total de 92 jovens vítimas, alegadamente delinquentes, abatidos pelos agentes do SIC.