Os hospitais da província angolana do Huambo estão sem medicamentos e os reagentes utilizados estão fora do prazo de validade, de acordo com enfermeiros que denunciaram este quadro de penúria aos deputados do grupo parlamentar da UNITA que se encontram na região.
A denúncia, segundo os parlamentares Liberty Chiaka e José Pedro Katchiungo, foi apresentada por alguns enfermeiros de unidades hospitalares do Huambo que se dizem ameaçados a não revelarem o facto publicamente.
Para além da falta de medicamentos, que obriga os familiares dos pacientes a terem de “se desenrascarem” fora dos hospitais, os reagentes que estão a ser utilizados estão todos fora do prazo de validade, mas os técnicos de saúde são obrigados a ministrá-los aos pacientes.
O deputado Liberty Chiaka assegurou que vai levar a informação a outras instâncias, para acabar com esta prática.
''Tivemos a denúncia ontem é claro que vamos, temos de escrever, temos de fazer participação ao governo provincial do Huambo, nós não podemos permitir isso'', garantiu Chiaka, enquanto o seu colega José Pedro Kachiungo, que testemunhou a denúncia, explicou em pormenor o conflito de interesse que os técnicos dos hospitais são forçados a submeter-se.
''Quando os enfermeiros vieram falar com o secretário provincial da UNITA, eu presenciei um dos enfermeiros a dizer que quando é no seu turno ele não aceita trabalhar com aqueles reagentes, mas foi chamado pela direcção do hospital e informado que da porta para dentro os reagentes estão caducados mas da porta do hospital para fora os reagentes estão em condições, as pessoas não devem saber deste detalhe'', denunciou Chiaka.
O secretário da UNITA no Huambo disse que a prática de prejudicar os cidadãos é muito comum na governação do MPLA.
''Quem governa o Huambo não é o senhor Kussumua muito menos o senhor Paihama, estes são apenas auxiliares quem governa de facto é o Presidente da República José Eduardo dos Santos e, por isso, mesmo que troquem governadores aqui e alí não se resolve o problema, quem dirige o regime é uma pessoa, as políticas são as mesmas, o sistema é o mesmo'', acrescentou Chiaka, acusando o Governo provincial de estar sem para acudir as necessidades da população.