Honduras e Guatemala converteram-se nos dois países "mais perigosos do mundo" para os activistas do meio ambiente, devido às perseguições e agressões, incluindo assassinatos, de que são vítimas, denunciou nesta quinta-feira, 2, a ONG Amnistia Internacional (AI).
"Uma insidiosa onda de ameaças, acusações infundadas, campanhas de difamação, ataques e homicídios contra ativistas ambientais e do território, realizados nos últimos meses, converteram Honduras e Guatemala nos países mais perigosos do mundo para os que protegem os bens ou recursos naturais", afirma em um comunicado a organização de direitos humanos, com sede em Londres.
A Amnistia chegou a essa conclusão em um novo relatório publicado seis meses depois do assassinato brutal da líder indígena e activista ambiental Berta Cáceres em Honduras no último dia 2 de Março.
O documento intitulado "Defendemos a terra com nosso sangue" explora "o aumento da estigmatização, das ameaças, dos ataques e dos homicídios, assim como da falta de justiça" que enfrentam os opositores da mineração, extração de madeira e produção de energia hidroelétrica.
Para Erika Guevara-Rosas, directora para as Américas da AI, o assassinato de Cáceres em Honduras "parece ter marcado um ponto de inflexão mortal para os que defendem os direitos humanos na região".
"A falta de uma investigação transparente e efectiva sobre o seu homicídio transmitiu a mensagem abominável de que atirar contra alguém à queima-roupa por enfrentar interesses económicos poderosos é permitido na prática", afirmou.
Na Guatemala, os activistas ambientais "foram objecto de campanhas constantes de difamação dirigidas a estigmatizá-los e desacreditá-los para obrigá-los a abandonar seu trabalho legítimo", aponta o relatório.
"Estas campanhas incluíram acusações e processos por acusações falsas para silenciá-los", acrescenta.
"A falta de justiça contribui para a atmosfera de medo e impunidade que facilita estes crimes", afirmou Guevara-Rosas.