Um grupo de homens armados e vestidos com uniforme militar decapitaram duas pessoas na sexta-feira, 22, quando estas se encontravam a captar água num poço tradicional na aldeia de Lumumua, em Mucojo, em Moçambique, na região costeira de Macomia, disseram à VOA neste domingo, 24, várias fontes locais.
Três pessoas escaparam com vida do ataque, que a população suspeita estar ligado ao grupo de terroristas com inspiração islâmica, numa região que tem uma forte presença das forças conjuntas que combatem o grupo ligado ao Estado Islâmico.
Segundo os moradores, as cinco pessoas vinham da ilha de Matemo em busca de água potável na aldeia vizinha de Lumumua, junto ao continente.
Já no poço tradicional duas pessoas ficaram a captar a água, enquanto outras três transportavam os recipientes cheios para a praia, onde tinham atracado uma pequena embarcação.
“Estes que estavam na fontenária foram surpreendidos e decapitados” e os corpos abandonados ali, disse à VOA Ismael Assane, um morador de Macomia, citando um sobrinho que sobreviveu o ataque.
“Outros três escaparam porque conseguiram fugir”, acrescentou.
A poucos quilómetros do local do ataque está instalada uma posição da missão da Comunidade para o Desenvolvimento da Africa Austral, designada por SAMIM.
Outro morador de Macomia, Alfredo Muandine, disse que se surpreendeu com o novo ataque naquela área devido à presença das forças estrangeiras.
“Nesse lugar na verdade tem um poço grande” onde as pessoas recorrem para se abastecer com água não salubre, e “foi aí mesmo que foram encontrados pelos terroristas e decapitadas essas pessoas”, frisou.
Grupos ainda activos
Pequenas bolsas de resistências do grupo de terrorista localmente conhecido por al-Shaabab já haviam sido reportadas em Setembro com ataques a aldeias de Mueda e Quissanga, que deixaram mortos e destruição por fogo de várias palhotas.
À VOA fontes militares avançam que as operações militares das forças ruandesas, da SADC (SAMIM) e as forças moçambicanas continuam nas zonas recuperadas nos distritos de Macomia, Nangade, Mocímboa da Praia, Mueda e Palma, sugerindo que persistem focos de insurgência nestas regiões.
Dados do terreno dão conta de que grupos de dezenas de insurgentes continuam activos na região Macomia-Nangade-Mueda e que ocorrem combates ocasionais nessas regiões.
O conflito armado em Cabo Delgado já provocou mais de 3.100 mortos, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, na sigla inglesa, e mais de 820 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.