Um grupo de homens armados invadiu a tiros uma localidade do distrito de Mecula, no extremo nordeste da província moçambicana de Niassa, e saqueou fármacos no único posto de saúde e produtos alimentares no principal mercado local, antes de incendiar as infraestruturas, disseram nesta segunda-feira, 29, várias fontes locais.
Consta que ataque não provocou vitimas humanas.
O grupo, que se suspeita seja um braço do Estado Islâmico-Moçambique, que atacam os distritos a norte de Cabo Delgado, invadiu a aldeia Naulala-1, no inicio da manhã de domingo, provocando uma vaga de deslocados para a sede do distrito.
“Entraram pela manhã, era um grupo que tinha quatro armas e o resto tinha catanas e estavam algumas senhoras com eles”, disse à VOA Gabriel Naita, um morador local, acrescentando que “começaram a disparar para o ar e as pessoas fugiram, (…) saquearam comida e o posto de saúde e levaram medicamentos”.
A localidade atacada é vizinha do distrito de Mueda, em Cabo Delgado, onde insurgentes realizam ataques há mais de três anos e mataram e desalojaram milhares de pessoas.
“Há uma suspeita de uma intrusão” dos terroristas de Cabo Delgado em Niassa, disse à VOA, reagindo ao incidente uma fonte ligada ao governo distrital de Mecula, que falou na condição de anonimato.
Contactada pela VOA, Mirza Mecuande, porta-voz do comando provincial da Polícia da Republica de Moçambique (PRM) em Niassa, não confirmou e nem desmentiu o incidente remetendo detalhes para mais tarde.
“A Polícia até então não tem nada a tecer a respeito do ataque. Em momento oportuno, a Polícia vai se pronunciar a respeito da situação da ordem e segurança pública a nível da província”, disse Mecuande, que acrescentou que “neste momento, não confirmamos e nem desmentimos essas informações”.
Ainda segundo uma fonte governamental, o administrador local, António Paulo, reuniu-se no domingo, na sede distrital, com dezenas de deslocados que fugiram do ataque em Malala, adiantando que um contingente das Forças de Defesa e Segurança tinha sido enviado para o local do incidente.
A Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral em Moçambique alertou, em Outubro, sobre a possibilidade do alastramento dos ataques terroristas para as províncias vizinhas de Niassa e Nampula, norte do país.
O mesmo alarme já tinha sido emitido pelo Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), que estuda o conflito em Moçambique.