A ONU alertou, na sexta-feira, 8, que milhares de pessoas, especialmente mulheres grávidas, correm o risco de perder cuidados de saúde vitais à medida que a violência de gangues se arrasta no Haiti.
“Se a cidade de Port-au-Prince permanecer paralisada nas próximas semanas, quase três mil mulheres grávidas poderão ver negado o acesso a cuidados de saúde essenciais, e quase 450 poderão enfrentar complicações obstétricas potencialmente fatais se não receberem assistência médica”, disse o relatório.
A organização alertou também que mais de 500 sobreviventes de violência sexual poderão ficar sem cuidados médicos até ao final de Março se as condições não melhorarem.
“Hoje, muitas mulheres e meninas no Haiti são vítimas de violência indiscriminada cometida por gangues armadas. As Nações Unidas apoiam-nas e estão empenhadas em continuar a prestar a assistência de que necessitam”, afirmou a Coordenadora Residente e Humanitária da ONU, Ulrika Richardson.
Além disso, centenas de milhares de estudantes puderam ver os seus registos destruídos, à medida que escolas e gabinetes do Ministério da Educação foram vandalizados.
Tais “danos irreparáveis” podem impossibilitar que os alunos recebam os seus históricos escolares ou diplomas no futuro, afirmou um comunicado do Ministério da Educação Nacional e Formação Profissional, apelando à protecção das escolas como um “bem público”.
Tiros esporádicos ocorreram naquela cidade, na noite de sexta-feira, reportou um correspondente da AFP.
As condições humanitárias continuaram a deteriorar-se e grupos de ajuda e ONGs alertaram para a escassez de recursos médicos e de fornecimento de alimentos, depois de grupos armados terem desencadeado o caos generalizado na tão problemática nação caribenha, na semana passada.
Segundo um jornalista da AFP presente no local, tiros foram ouvidos em toda a capital na noite de sexta-feira, especialmente concentrados nos distritos de Turgeau, Pacot, Lalue e Canape-Vert, no sudoeste.
Moradores correram para se abrigar, com testemunhas contando à AFP que tinham visto confrontos “entre polícias e bandidos”, enquanto gangues aparentemente tentavam comandar as esquadras da polícia no centro da cidade.
Grupos criminosos, que já controlam grande parte de Porto Príncipe, bem como as estradas que levam ao resto do país, atacaram infraestruturas essenciais nos últimos dias, incluindo duas prisões, permitindo a fuga da maioria dos seus 3.800 reclusos.
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