Há fome nos Gambos e a situação não evoluiu desde que vozes naquela região da província da Huíla denunciaram uma grave penúria alimentar devido à seca.
Apesar de ter chovido os camponeses não têm sementes e de Luanda, não sinal de ajuda.
O padre Pio Wakussanga e presidente da Associação Construindo Comunidades diz que o Executivo devia coordenar um pedido de ajuda internacional e intervenção na região para evitar que as pessoas e principalmente as crianças venham a sofrer ainda mais.
Depois de três anos de seca, as chuvas chegaram ao município dos Gambos, mas já os camponeses não tinham sementes e poucos são aqueles que podem esperar alguma colheita.
O pároco de Gambos, Pio Wakussanga, também presidente da Associação Construindo Comunidades diz que a fome continua a atacar, aliada à crise económica e financeira que fez disparar os preços dos produtos.
“Desde a seca e os dias de hoje, não houve alteração da situação, a fome continua e não apenas nos Gambos, facto a que se alia a crise económica e financeira que dispararam exponencialmente os preços dos produtos”, explica Pio Wakussanga.
Na conversa com a VOA, o padre Pio lamenta a falta de reacção do Governo que, ao que ouviu, pretende enviar sementes, o que, para ele, poderá não ter consequências de maior porque a época das chuvas já se foi.
“As sementes, se vierem, não vão fazer diferença porque o que as pessoas irão fazer agora que passou a época das chuvas, além de não sabermos que qualidade têm”, questiona o pároco de Gambos.
Frente a esta situação de calamidade, o também presidente da Associação Construindo Comunidades, que tem feito uma campanha de combate à fome nos Gambos, defende, à semelhança do que aconteceu no tempo da guerra, a intervenção do Governo junto da comunidade e parceiros internacionais para uma acção coordenada de combate à fome na região.
“Há que haver uma cobertura política e institucional do Governo que deve declarar algo a dizer que Gambos necessita de comida”, defende o padre Pio, garantindo que só dessa forma haverá uma resposta “conjunta e uma acção coordenada”.
Aquele responsável lembra ainda que, entre outras consequências, as crianças menores de cinco anos estão a ser afectadas e o seu desenvolvimento pode estar comprometido.