Era para três meses apenas, quando o governo de Luanda liderado por Francisca do Espírito Santos demoliu as suas casas de construção definitiva na zona balnear da Ilha de Luanda.
Foi então garantido às famílias que as suas residências seriam restituídas, mas após 12 anos as mais de três mil e quinhentas famílias permanecem no mesmo local, onde o Executivo as colocou e em tendas.
Os antigos moradores da Ilha fazem um ultimato afirmando que até ao fim deste ano não vão mais sujeitar-se a viver em construções precárias de chapas, na zona do Zango, sem qualquer tipo de condições de habitabilidade e deixam um apelo directo ao titular do poder Executivo para que resolva a situação.
As condições são as piores em que um ser humano pode viver, dizem os moradores, contando como têm que defecar em sacos, sem água ou electricidade.
O desespero é tanto que há quem queira pôr fim a vida.
"Queremos que o Presidente da República resolva o nosso problema porque quando chega o calor ninguém consegue ficar dentro de casa, as pessoas aqui estão a morrer", disse um dos habitantes.
"Os jovens estão a se perder na delinquência, as jovens na prostituição, das 18 horas em diante já ninguém pode passar aqui”, disse outro morador.
“Há um velho que me disse se desta vez não receber a sua casa vai se envenenar, vai preferir morrer", acrescentou.
Uma moradora disse que vive “num quarto de chapa com minha sogra, minhas duas filhas, minha cunhada e meu marido”.
“Só para terem ideia, para fazer sexo com meu marido tenho que despachar meus filhos para fora de casa, para defecar é nos sacos e esperar a madrugada para despejar as fezes, não temos água, não temos contentores”, disse.
“Eu tinha minha casa na Ilha, o governo partiu a minha casa de construção de bloco e o governo não me vai dar casa, só tem que restituir a minha casa, se fosse um dos familiares deles aqui o que seria?", interrogou.
Os moradores das chapas dizem ter a sensação de não haver governo no país, pela quantidade de cartas já dirigidas sem qualquer resposta.
Um outro morador disse ter sido colocado na zona quando tinha 25 anos.
“A minha primeira filha tinha apenas 1 ano, daqui a nada vou receber neto aqui nas chapas”, acrescentou.
A VOA tentou o contacto com administração de Viana que nos remeteu ao governo que se remeteu ao silêncio.