O Secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu o fim do fluxo de armas que alimenta o conflito no Sudão e avisou que a situação no Sudão é uma catástrofe de “escala e brutalidade espantosas”.
“Os civis devem ser protegidos, o acesso humanitário seguro deve ser facilitado e o fluxo de armas deve cessar”, declarou Guterres na reunião à margem da cimeira da União Africana em Adis Abeba, Etiópia.
“Este fluxo está a permitir a continuação de uma tremenda destruição e derramamento de sangue entre os civis”, acrescentou.
O Secretário-geral da ONU recordou que a crise no Sudão "exige uma atenção sustentada e urgente”. Segundo a organização, os quase 22 meses de conflito entre as forças governamentais e as Forças de Apoio Rápido (RSF), deixaram mais de 30 milhões de pessoas em todo o Sudão a necessitar de assistência humanitária e proteção.
O conflito no Sudão, que já matou dezenas de milhares de pessoas e desenraizou mais de 12 milhões desde o seu início em abril de 2023, é uma “crise humanitária sem precedentes no continente africano”, lembrou. Há mais de três milhões de refugiados e 25 milhões de pessoas a passar fome em resultado.
A ONU avançou estar a planear um plano de resposta, em conjunto com os parceiros, que requer seis mil milhões de dólares, para prestar ajuda a cerca de 26 milhões de pessoas.
Guterres apelou ainda a um cessar-fogo e pediu ao mundo para não virar as costas ao Sudão. “Temos de fazer mais - e fazer mais agora - para ajudar o povo do Sudão a sair deste pesadelo”, concluiu.
Emirados Árabes Unidos pede pausa humanitária
O presidente da União Africana, Moussa Faki, apelou a todas as partes para “cessarem imediata e permanentemente o fogo”.
O presidente da União Africana, Moussa Faki, apelou a todas as partes para que “cessem imediatamente e de forma permanente o fogo”.
Os Emirados Árabes Unidos (EAU) disseram anteriormente à AFP que estavam a apelar a uma “pausa humanitária” no Sudão durante o próximo feriado muçulmano do Ramadão.
Os Emirados Árabes Unidos são acusados pelo Sudão de apoiar as Forças de Apoio Rápido (RSF), que têm estado a combater o exército regular - uma alegação que o Estado do Golfo nega.
“Esta guerra já dura há demasiado tempo, custou demasiadas vidas e trouxe imenso sofrimento”, disse à AFP em Adis Abeba Reem al-Hashimy, ministro de Estado para a Cooperação Internacional dos EAU.
“Temos esperança de que, com esta pausa humanitária, possamos entregar a ajuda sem entraves... àqueles que mais precisam, particularmente mulheres e crianças que estão a sofrer de uma forma sem precedentes”, acrescentou.
A Comissária afirmou que os Emirados Árabes Unidos se comprometeriam a conceder mais 200 milhões de dólares em ajuda humanitária ao Sudão.
No mês passado, os legisladores americanos afirmaram que os EAU tinham quebrado as suas promessas de deixar de fornecer ajuda militar à RSF.
Outras potências, incluindo o Egito, a Turquia, o Irão e a Rússia, foram também acusadas de apoiar as partes na guerra entre generais em conflito.
O exército sudanês controla o leste e o norte do país, enquanto o RSF detém a maior parte da região afetada de Darfur, onde as Nações Unidas o acusaram na segunda-feira de bloquear a ajuda.
Na terça-feira, a União Africana classificou a guerra como a “pior crise humanitária do mundo”, com mais de 431.000 crianças a receberem tratamento para a subnutrição no ano passado.
c/ AFP
Fórum