O músico guineense Tchando tem um novo disco. "Bá," diz, é a manifestação da preocupação com “a situação de imensas dificuldades que o povo da Guiné-Bissau atravessa por causa das querelas entre os políticos”.
Tchando celebra com cautelas os avanços que a Guiné-Bissau regista, que dão esperança da realização de eleições legislativas em Novembro, e abrir caminho para o fim da instabilidade.
“Não sou pessimista, mas o facto de serem as mesmas pessoas que vão concorrer, para mim significa que são as mesmas mentalidades,” diz o artista.
Para Tchando, “se as mesmas mentalidades continuam, nós não vamos a parte nenhuma, as eleições não vão resolver problemas nenhuns... a mudança das pessoas sim”.
Ele sugere que para ocorrer a mudança, os políticos deverão fazer uma introspecção sobre as suas atitudes e não confundir a liderança com interesses pessoais. “Os governantes devem pensar em melhorar a vida da população”.
O artista não tem duvidas que “a Guiné-Bissau tem quadros para porem em ordem o país, mas é preciso que as pessoas tenham ligações, laços de irmandade”.
Acompanhe a entrevista:
Salvador Embalo “Tchando”, nasceu em 1957, em Bafatá, terra dominada por música dos Fula e Mandinga.
A sua trajectória inclui fricções com as autoridades da Guiné-Bissau, imediatamente após a independência, em 1974.
“Muitas pessoas foram fuziladas sem julgamento, muitos financiamentos eram desviados, e nós fizemos criticas a isso e fomos para a prisão”, recorda Tchando.
A distribuição de panfletos criticando as autoridades resultou no julgamento por um tribunal militar. Cumpriu dois anos de cadeia e foi liberto após a intervenção da Amnistia Internacional.
Tchando, que morou em Portugal e Franca, faz hoje a sua carreira na Dinamarca.