As declarações do Presidente guineense em como “o povo não deve votar nas pessoas com as quais, ele, o Chefe de Estado, não pode coabitar” impulsionam uma nova dinâmica na campanha eleitoral em curso no país.
Umaro Sissoco Embaló afirmou nesta sexta-feira, 19, que nunca vai nomear Domingos Simões Pereira no cargo de primeiro-ministro, mesmo se a coligação PAI-Terra Ranka, liderada por Simões Pereira, ganhar as eleições de 4 de Junho.
"Eu disse `Domingos Simões Pereira nunca o vou nomear`. Tem de ir à justiça e esclarecer as questões que pendem sobre si", afirmou Sissoco Embaló no bairro Bandim, rressalvando, no entanto, que "isso não significa que se a coligação do PAIGC vencer vou dizer que não" para formar o Executivo.
Em resposta também hoje, Domingos Simões Pereira disse que esse posicionamento do Chefe de Estado é uma afronta ao povo.
"Uma afronta importante que todo o mundo compreenda que não é uma afronta ao Domingos Simões Pereira, à Plataforma da Aliança Inclusiva, nem às alianças que se possam estabelecer, é uma afronta ao povo guineense, porque essa afirmação só pode significar uma coisa, que o Presidente está a afirmar que não está disposto a aceitar e respeitar a escolha livre do povo guineense", afirmou o líder do PAIGC.
A Voz da América tentou mas não conseguiu as reacções do Secretariado Nacional do MADEM-G15 e do PRS, os outros dois partidos do arco do poder na Guiné-Bissau.
O analista político Rui Jorge Semedo considera que “o posicionamento do Presidente da República não deixa de ser uma interferência grave”.
Por seu lado, o escritor e investigador independente Samba Bari, que também é o editor principal do “Rispito TV”, um canal online dedicado aos principais acontecimentos que marcam a semana, lembra que, "na democracia a coabitação é obrigatória desde que resulte da escolha livre do povo".
Entretanto, Samba Bari alerta que as aafirmações de qualquer Presidente da República pode ter" impacto influenciador.
Rui Jorge Semedo afirma que as afirmações de Umaro Sissoco Embaló "demonstram, não só o seu envolvimento directo na campanha eleitoral, como também evidenciam que é a pessoa mais interessada nestas eleições".
Completa-se amanhã, sábado, a primeira semana da campanha eleitoral, com vista às eleições legislativasde.
A crise nos sectores da saúde e educação, aumento do custo de vida, a falta de compra da castanha de caju ao produtor e os direitos humanos são os temas que estão a dominar os discursos políticos.
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