O Sindicato de Jornalistas e Técnicos de Comunicação Social da Guiné-Bissau (Sinjotecs) condena o assalto a tiros à Rádio Capital FM, em Bissau, nesta segunda-feira, 7, que destruiu os equipamentos e feriu jornalistas e pede ajuda à comunidade internacional para garantir a liberdade de imprensa e de expressão no país, enquanto espera que as autoridades descubram os seus autores porque terem usado “recursos do Estado”.
A Polícia de Ordem Pública, que tinha um agente à porta da emissora, que entretanto terá sido imobilizado pelos atacantes, considera o ataque um “acto isolado”, enquanto a Polícia Judiciária (PJ) esteve no local e deve iniciar investigações.
Há sete meses, a mesma emissora foi alvo de um ataque semelhante, sem feridos.
Os últimos dados apontam para oito feridos na sequência do ataque que teve início poucos minutos depois das oito horas da manhã.
O secretário-geral do Sinjotecs considera que o mais grave é que o assalto aconteceu “à luz do dia, o que demonstra o nível de abuso a que chegamos”, mas Diamantino Domingos Lopes diz que como “eram indivíduos armados com uniforme”, as autoridades estarão em condições de identificar essas pessoas porque utilizaram recursos do Estado”.
Em conversa com a VOA, Lopes acrescentou que a posição do órgão é de “indignação e repúdio” e pede à comunidade internaiconal “que nos assista nessa situação para mobilizar a liberdade de imprensa e de expressão na Guiné-Bissau”, inclusive com recursos para que, por exemplo, a Rádio Capital FM volte a operar.
"Acto isolado", segundo a polícia
A Polícia de Ordem Pública, cujo agente que garante a segurança daquela emissora privada foi supostamente imobilizado pelos assaltantes, classificou o ataque com um “acto isolado”, nas palavras do comissário adjunto, coronel Salvador Soares, quem acrescentou que a PJ esteve na rádio a fazer o levantamento.
Em declarações aos jornalistas, Soares reconheceu que os “acontecimentos de 1 de Fevereiro (alegada tentativa de golpe de Estado) têm concentrado as atenções” da corporação e apelou a população a informar de qualquer incidente porque “queremos que a informação chegue em tempo recorde, para agirmos em tempo recorde".
Até agora, não houve qualquer pronunciamento do Governo.
Ataque pior que emJulho passado
O editor-adjunto da Radio Capital FM Ansumane Sow conta à VOA que depois apresentar o programa Primeira Hora da Rádio, às 8 horas da manhã, dirigiu a reunião de redacção e ficou com alguns colegas no estúdio, enquanto os demais saíram para realizar o seu trabalho.
"De repente ouvimos tiros, não sabemos de onde saíram, mas há pessoas que disseram que os atacantes estavam na estrada", acrescenta Sow que, na tentativa de fugir, como os demais colegas, caiu e fracturou a mão direita.
A partir da clínica onde está a ser tratado, aquele profissional afirma que "estamos todos a fugir porque tememos pela nossa segurança".
"A destruição é pior que em Julho do ano passado", conclui.
Investigações, sem conclusões
A 26 de Julho de 20121, a rádio parceira da VOA foi alvo de um ataque que destruiu praticamente os seus estúdios.
O acto foi condenado também por organizações internacionais e as autoridades anunciaram uma investigação, mas as conclusões ainda não foram reveladas nem qualquer pessoa foi acusada.