O Sindicato dos Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social considera que os profissionais do sector vivem momentos difíceis, associados aos ataques contra profissionais da imprensa.
Não obstante o país ter subido 14 lugares no Índice da Liberdade de Imprensa 2023, dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF), divulgado nesta quarta-feira, 3, a presidente do sindicato, Indira Correia Baldé, descreve um quadro difícil para os profissionais da mídia guineense.
"Os últimos acontecimentos revelam que ainda há muito por fazer. Desde logo, vimos os ataques que aconteceram contra os profissionais da Comunicação Social; contra uma das rádios do país e a criação de uma lei por parte do Governo que, ao invés de facilitar a operacionalidade dos órgãos, está a dificultar, porque a realidade do país não reflecte o valor das taxas", aponta Baldé, quem considera que a classificação dos RSF não reflecte a realidade que se vive no país.
"Podemos subir em termos de posição, mas a realidade é outra", sublinha.
Para inverter a realidade vigente sobre a liberdade de imprensa na Guiné-Bissau, a presidente do Sindicato de Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social aponta que, primeiramente, o Governo deve criar condições, nomeadamente, resolver a questão da precariedade registada nos órgãos da Comunicação Social.
"Não só os privados é que têm esse problema. Os órgãos públicos também deparam com a situação de precariedade. É preciso fazer maior investimento nos órgãos da comunicação social, formar os profissionais, ver o problema das taxas, criar facilidades para o investimento no sector, assim como rever as leis que facilitem o exercício do jornalismo e que criem a protecção dos jornalistas", aponta Baldé como medidas que devem ser tomadas pelo Executivo.
Sobre o assunto, a Voz da América contactou o porta-voz do Governo, Fernando Vaz, que ainda não respondeu ao nosso pedido.
O relatório
No relatório, os RSF apontam "uma forte deterioração do ambiente de segurança para os jornalistas, combinada com pressões políticas e económicas, que criou um ambiente difícil para o jornalismo".
Ainda segundo o documento, "os jornalistas convivem com uma instabilidade política crónica – evidenciada mais uma vez numa tentativa de golpe em fevereiro de 2022 – e estão sujeitos a pressões constantes".
Nos últimos anos, lê-se, o Presidente Umaro Sissoco Embaló "ameaçou fechar várias estações de rádio por não terem as devidas licenças de funcionamento e referiu-se a jornalistas como ´bocas de aluguer".
Quanto ao cenário actual, os RSF pontua que a media é relativamente diversa, mas fortemente polarizada, apesar de existirem, além da imprensa pública, 88 estações de rádio privadas e comunitárias, jornais privados e um pequeno número de media online.
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