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Guiné-Bissau: População das ilhas queixa-se do "monopólio" nos transportes


Pirogas em Bolama, arquipélago dos Bijagós, Guiné-Bissau
Pirogas em Bolama, arquipélago dos Bijagós, Guiné-Bissau

Habitantes das ilhas manifestam-se revoltados com a medida da empresa Consulmar que diz praticar os preços do mercado por falta de renovação do acordo com o Governo

A população da zona insular e da parte do sul continental da Guiné-Bissau diz estar revoltada com os novos preços de transporte marítimo praticados pela empresa detentora do único navio que faz a ligação entre Bissau, Bubaque e Enxudé.

Em declarações à Voz de América, os habitantes das ilhas, os mais afectados com os novos preços, manifestam-se revoltados com a medida da empresa Consulmar.

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"Essa agência aumenta os preços quase todos os dias, isso não é possível, por isso é muito importante que nós comecemos a reivindicar, quando temos razão temos mesmo que reivindicar", diz um dos residentes.

Outro acrescenta que "o Governo tem que arranjar [adquirir] barcos para fazer a ligação [entre a capital e as ilhas], se os barcos fossem do Estado, certamente, os preços seriam menos".

Informações recolhidas pela Voz da América indicam que o único navio que faz a ligação entre Bissau e Bubaque e entre Bissau e Enxudé compreende três classes de passageiros.

A mais acessível para o cidadão comum subiu de 6 mil para 6500 Fcfa, no caso de Bubaque, e de 2 mil para 2200 Fcfa para quem viaja com destino a Enxudé.

Em resposta às preocupações levantadas pelos utentes, o responsável da frota da empresa Consulmar, José António Aires dos Reis, confirma a subida dos preços de transporte e justifica os motivos da nova tabela.

"Todas as peças para os nossos barcos são importadas da Europa. Então, nestas condições tínhamos uma convenção de cinco anos com o Estado da Guiné-Bissau relativamente à isenção dos impostos sobre peças e combustíveis. E desde Dezembro de 2022 a esta parte não houve um novo acordo, tanto assim que estamos a comprar combustíveis no preço do mercado normal e pagamos todos os impostos sobre as peças sobressalentes. Neste contexto, a empresa chegou à conclusão que ‘assim não podemos continuar’. Ou seja, estamos a perder dinheiro mês a mês", explica Reis que acrescenta que "comunicamos ao Governo que a partir de 1 de Junho [de 2023] íamos fazer um pequeno reajuste dos preços.

Aquele gestor considera legítimo o protesto da população, mas discorda da forma, sobretudo, por parte dos habitantes da zona de Enxudé.

“Há uma retaliação [por parte da população]. Bloquearam a estrada. Os transportadores terrestres não podem chegar ao Porto de Enxudé. Conclusão: nós com passageiros de Bissau e Enxudé, voltamos para Bissau sem passageiros”, conclui José António Aires dos Reis, para quem “esta não devia ser a forma de reclamação.

Ante esta situação reinante, a população pede “que o próximo Governo trabalhe no sentido de arranjar barcos para as ilhas, porque sem barco é muito difícil a vida da população das ilhas”, segundo um residente.

Outro habitante de Bolama afirma que “o Governo não deve entregar o país nas mãos de uma empresa privada”.

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