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Guiné-Bissau: Juristas pedem investigação a denúncias do homem forte das FA mas Governo desdramatiza


Biagué Na N'Tan, Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau
Biagué Na N'Tan, Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau

Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, Biagué Na N'Tan, denunciou mobilização de militares a troco de dinheiro

O Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, general Biagué Na N'Tan, denunciou tentativas de mobilizar militares para uma suposta subversão da ordem constitucional no país.

Enquanto especialistas do sector exigem que o Ministério Público chame o homem forte do exército para fornecer mais detalhes e investigue as denúncias, o Governo considera não ter havido qualquer denúncia de tentativa de golpe de Estado.

“Quero pedir-vos, vocês da Polícia Militar, para não alinharem com as pessoas que estão a mobilizar os militares nos quartéis. Tudo se sabe hoje em dia. Todos os jovens mobilizados denunciaram junto dos seus superiores hierárquicos. O vosso futuro não se compara aos dez mil francos CFA que estão a oferecer aos militares para abrirem contas bancárias, não resolverão os vossos problemas nem os da vossa família”, afirmou Biagué Na N'Tan na quinta-feira, 14, durante a cerimónia do dia da Polícia Militar.

Ele acrescentou ainda que “todos os militares que estão a tentar mobilizar-vos estão identificados, mas quero pedir-lhes quem parem, porque quem sairá prejudicado somos nós os militares que nessas situações somos detidos e sofremos com cortes de salários e ficamos a mendigar, mas o político fica à vontade”.

Investigações

O jurista Augusto Na Sambé, afecto ao Instituto da Defesa Nacional, considera que a declaração é “muito grave”.

“O Chefe de Estado-Maior tem um fórum próprio, tem as suas estruturas que ele pode convocar, neste caso, o Conselho do Estado-maior e outras estruturas, para poder saber o que se passa de facto. Ou seja, chamar aquelas pessoas que ele disse conhecer”, lembra Sambé, que defende a intervenção do Ministério Público porque ele “tem que ser ouvido no processo, por ter afirmado conhecer as pessoas que estão a tentar subverter a ordem constitucional.

O também jurista Fransual Dias afirma que as declarações do Estado-Maior General das Forças Armadas não deixam de ser preocupantes e os contornos devem ser apurados.

“É preciso desvendar as bases com que se engendra este movimento para a concretização do um golpe de Estado”, sustenta.

Governo desdramatiza

Entretanto, o Governo, através do seu porta-voz, diz que o Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas não denunciou nenhum golpe de Estado.

“Queremos repudiar a esclarecer a opinião pública em geral que o Chefe de Estado-maior não denunciou nenhuma movimentação para golpe de Estado, porquanto na Guiné-Bissau, não há nenhum Golpe Estado em preparação, Guiné-Bissau caminha para um decénio de vida política em paz e tranquilidade sem golpe de Estado”, reitera Fernando Vaz, ministro do Turismo.

Refira-se que esta não é a primeira vez que o general Biagué Na N'Tan insinua a mobilização dos militares para a subversão da ordem constitucional no país.

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