Um estudo elaborado a pedido da Associação das Mulheres Profissionais da Comunicação Social concluiu que quase 90% dos jornalistas do sector privado na Guiné-Bissau ganham mal, menos de 100 mil francos cfa (cerca de 150 dólares) por mês, e não têm contratos de trabalho.
Responsáveis de órgãos de comunicação social dizem que a situação espelha a realidade difícil que afecta a media privada guineense.
Humberto Monteiro, um dos decanos da comunicação social guineense e fundador do Jornal “Gazeta de Notícias”, concorda com o relatório e reitera um quadro crítico que não ajuda a sustentabilidade dos órgãos privados.
“Não há publicidade que chegue e que baste para que os órgãos da comunicação social possam estar à vontade para poderem, de facto, praticar bons salários e meios de trabalho. Tudo isso joga desfavoravelmente contra os órgãos privados e concomitantemente isso reflecte nos salários que praticamos para os nossos profissionais”, explica Monteiro.
Por sua vez, o director adjunto do Jornal “O Democrata”, Assana Sambú, lamenta a situação e defende uma subvenção do Estado ao serviço público prestado pela imprensa privada.
“É bom salientar que (os meios privados) prestam serviço público e, em contrapartida, não recebem nenhum franco cfa vindo do Estado como subvenção para o serviço prestado à semelhança daquilo que acontece nos outros países. Aliás, mesmo os organismos internacionais que operam no país, com vocação de apoio à media, não prestam nenhum outro apoio aos órgãos privados”, sinaliza.
Além de um mercado publicitário fraco, outro problema que afecta os órgãos privados tem a ver com dificuldades de acesso ao crédito bancário.
Como uma saída para essa situação, Humberto Monteiro sugere que, “tendo em conta que também são órgãos que prestam serviço público, devia haver um sinal de apoio por parte do poder politico”.
Assana Sambu desafia “os proprietários da media a encontrarem um mecanismo com o Executivo de subvenção os órgãos provados.
O relatório da Associação das Mulheres Profissionais da Comunicação Social, elaborado em parceria com a Associação para a Cooperação Entre Povos, acrescentou que a fraca situação financeira dos órgãos de comunicação social "reflete negativamente na condição de trabalho de cada profissional" por não conseguir "criar condições básicas que garantam o pagamento regular dos salários" ou "descontos para a segurança social".
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