Organizações e activistas denunciam quadro preocupante de violência doméstica na região de Gabú, leste da Guiné-Bissau.
Os dados da Rede Nacional de Luta contra a Violência Baseada no Género apontam para 577 casos de violência contra mulheres e crianças, entre os 2020 e 2021, na região.
No terreno, a VOA registou a opinião de Cadija Cassamá, que diz que “a violência doméstica e outros tipos de violência existem sim, só que as pessoas pensam que são actos normais”.
De violência física à psicológica, passando pelo casamento forçado e precoce, Cassamá conta que “a minha mãe é acolhedora das vitimas; muitas vezes recebemos estes casos nas nossas próprias casas. A violência é praticada pelos próprios pais, quando a menina recusa aceitar um casamento forçado”.
“É um autêntico abuso que as mulheres estão a sofrer na região de Gabú”, diz Odete Aua Si, uma destacada activista.
Celeridade
A Rede Nacional de Luta Contra Violência Baseada no Género e Criança (RENLUV) pede maior atenção das instâncias judiciais nos processos de denuncia de abusos domésticos:
Djenabú Sanó, ponto focal da organização em Gabú, explica que “há vários processos que chegam às autoridades, mas não são levados até ao fim. Se houvesse a celeridade dos processos e julgamento dos mesmos, seria o motivação para os denunciantes. Mas, infelizmente, a justiça não está a funcionar.
Enquanto isso, Justino Keita, Responsável do Observatório da Rede Nacional de Luta Contra Violência Baseada no Género e Criança (RENLUV) diz estar preocupado com o quadro estatístico da violência doméstica na região de Gabú, leste da Guiné-Bissau.
Para mudar o quadro, Keita sugere “uma atenção virada para a capacitação das pessoas e para que todos saibamos que a violência não abona em nada”.