São 18h da tarde de uma segunda-feira em São Paulo, a maior cidade do Brasil. Em uma sala apertada, aos fundos de uma casa no bairro Pinheiros, zona oeste da capital, 10 homens formam uma roda. Não é um encontro de amigos, alguns deles até preferem se manter em silêncio, outros desandam a conversar e debater.
Estamos no meio de homens que são réus por agredirem as companheiras no único grupo do tipo na capital. A Voz da América acompanhou encontros do grupo nos últimos meses, no Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde. Em sete anos de trabalho, o coletivo recebe autores de delitos considerados “leves” pela Justiça, como ameaça psicológica à parceira e lesões corporais.
Esses tipos de grupos estão previstos desde a criação da Lei Maria da Penha, em 2006, que recomenda a criação de estruturas em atenção aos autores da violência. É a última etapa do ciclo da lei, como uma forma de coibir que a violência contra a mulher volte a acontecer.
Para chegar até a sala de Pinheiros, a Justiça de São Paulo reúne mais de cem homens em uma grande audiência mensal, no Fórum da Barra Funda. Os réus que aceitam participar do grupo podem ter suas futuras penas revistas, caso tenham uma presença assídua nos encontros.