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Greves multiplicam-se na Guiné-Bissau, sem resposta do Governo às reivindicações dos sindicatos


Palácio do Governo da Guiné-Bissau
Palácio do Governo da Guiné-Bissau

A função pública da Guiné-Bissau está a braços com mais uma greve geral à vista.

Os últimos meses têm sido marcados por paralisações constantes, sem respostas aos problemas levantados pela maior central sindical, entre os quais, o aumento do salário mínimo para 200 dólares americanos.

Enquanto algumas opiniões defendem a ridicularização das greves incessantes na Administração Pública , os sindicatos têm uma interpretação diferente.

Mesmo sem uma resposta do Governo às reivindicações em cima da mesa, a União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG) insiste e mantém as suas exigências.

“Contra impostos inventados, subsídios injustificáveis e ilegais, que decidiram instituir a todos os membros do Governo e representantes dos órgãos de soberania, assim como lutar pelo cumprimento do princípio da legalidade, que é fundamental quando se fala da organização do aparelho do Estado”, afirma o secretário-geral da central sindical Júlio Mendonça, sobre mais uma greve em vista na Função Pública.

Os hospitais e as escolas públicas são os sectores que voltaram a conhecer dias difíceis.

Convidado a analisar o impasse persistente entre os sindicatos e o Governo, Braima Dafé, antigo secretário de Estado da Reforma Administrativa, defende uma reforma profunda nas instituições estatais, mas, para isso, na opinião dele, é preciso travar a corrupção, através do cumprimento das leis.

“Estamos perante uma Administração Pública que não se envereda pelo cumprimento das leis. E quando se fala da reforma é algo de consciencialização e reformatação das ideias dos nossos governantes, é algo do reforço do sentido do Estado e do patriotismo. Se isso não acontecer, não podemos falar da reforma”, defende Dafé.

Luís Nancassa, sindicalista com larga experiência, defende igualmente uma profunda reforma administrativa, que passa por nomeações criteriosas para os cargos públicos.

“Por exemplo, temos que ter um ministro da Educação que saiba falar e respeitar quem trabalha com ele, um ministro da Saúde que respeite o pessoal da saúde, um ministro da Função Pública que saiba o que é a Função Pública, um ministro das Finanças que saiba gerir as economias e finanças da Guiné-Bissau e temos que ter um Presidente e um primeiro-ministro que sabem o que é dirigir um país e não pessoas a passearem”, explicar Nancassa.

Enquanto da parte do Governo não há ainda uma resposta face às exigências em causa, o mês de Março foi marcado por uma prolongada greve, que termina nesta quarta-feira, 31, mas que vai preceder outra paralisação, já a partir de amanhã, e que vai durar todo o mês de Abril.

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