No segundo dia da greve geral dos médicos angolanos, os bancos de urgência estão a funcionar entre 50 a 70 por cento da sua capacidade noemal e as consultas externas nas unidades hospitalares públicas da província de Malanje estão canceladas
Maria Muhongo viu o seu parente impedido de entrar no pátio dos hospitais pelos seguranças, alegadamente porque os médicos não estavam em serviço.
“Já tenho um doente aqui no hospital, não posso vê-lo, chegas para ver o doente mandam voltar. A pessoa está grave não consegues ver o teu paciente, doente acaba por morrer e (não sabes nada]”, lamentou.
Os profissionais de saúde vinculados ao Sindicato Nacional dos Médicos Angolanos (Sinmea) exigem melhores condições sociais e de trabalho dignas.
“O que nós queremos não é mais se não apenas melhorar, primeiro as condições de trabalho e posteriormente as condições salariais porque é mesmo duro, são dolorosas as nossas condições de trabalho”, referiu o médico Virgílio Coimbra Neto.
A médica Emelcina Gaspar, no Hospital Provincial Materno-Infantil, disse que são várias as dificuldades com que vivem os membros da classe, desde sociais a profissionais, para garantir a assistência dos pacientes.
“Precisamos ser mais respeitados como médicos que somos, como os profissionais de saúde que passam tantas horas em prol do bem-estar dos nossos pacientes (...) temos nós mesmos que nos desenrolar para conseguir atender os nossos pacientes, nos municípios”, lamentou Gaspar, quem sublinhou: “Precisamos sim, que se melhorem as nossas condições de trabalho”.
A zungueira (vendedeira amgulante) Laurinda Dala, que comercializa nas imediações do quintal dos hospitais, diz que a reivindicação dos médicos é justa.
“Em cada sítio deve haver reclamação porque todos querem os seus direitos, se eles estão a reclamar é necessário que o Governo atenda a sua situação, porque sem médicos nós também não temos como”, disse Dala, reiterando que “haverá muitas mortes porque só mesmo um dia um hospital desse ficar sem atendimento haverá muita morte”.
Mais de 40 médicos dos hospitais Regional, Provincial Materno-Infantil, Santório e do Municipal de Malanje concentraram-se à entrada do pátio dos hospitais em protesto nesta terça-feira, 7.
Uma fonte da direcção do Hospital Regional de Malanje disse que as reclamações estão de acordo com a legalidade e confirmou que estão a funcionar os serviços considerados mínimos.
Nos municípios do interior da província onde só existem médicos angolanos não há prestação de serviços.