O Prosavana, megaprojecto agrícola que será realizado no norte de Moçambique, espera ter o seu plano director aprovado pelo Governo até ao fim do ano.
O plano director já ultrapassou as fases de auscultação pública nos níveis distrital e provincial, estando prevista uma discussão nacional, a decorrer em Maputo.
Marcado pela controvérsia desde o seu nascimento, o Prosavana gerou receios de que as comunidades residentes na área do programa perdessem as suas terras e motivou protestos dos habitantes do corredor de Nacala e de várias organizações não-governamentais, que questionaram os resultados de uma experiência semelhante no Brasil.
Em Nampula, os camponeses têm opiniões divergentes sobre o Prosavana.
Enquanto uns manifestam a vontade de ver implementado o programa de desenvolvimento agrário entre Japão, Moçambique e Brasil, há outros que continuam a opor-se por temerem a repetição de experiências amargas vividas no Brasil durante a implementação de um programa idêntico.
Camponeses e algumas organizações da sociedade civil em Nampula constituíram um grupo contra o Prosavana que tem estado a denunciar o que diz ser uma alegada usurpação de terras em alguns distritos da província com destaque para Monapo.
Recentemente no distrito de Malema, durante uma auscultação do plano director, um grupo de camponeses abandonou o encontro por considerar não haver qualquer interesse.
Muitos camponeses de Nampula duvidam das intenções dos governos japonês e brasileiro em escolher o solo de Moçambique para, segundo dizem, mais uma vez servir de cobaia das suas experiências, mesmo sabendo que o mesmo programa não resultou no Brasil.
Alguns dizem que, nas redes sociais, os camponeses brasileiros queixam-se de ter perdido as suas terras por causa do Prosavana e denunciam implicações negativas do investimento.
Entretanto, desde o início do ano, o Governo vem manifestando interesse em conversar com a sociedade civil a respeito do programa e garante que ninguém vai perder as suas terras.
A província de Nampula dispõe de mais de quatro milhões de hectares de terras para a agricultura sendo que a metade ainda não está a ser aproveitada.
Por isso, o Governo considera que essa parte está disponível para qualquer iniciativa.