Com a onda cada vez maior de deslocados de guerra internos na província moçambicana de Cabo Delgado, com milhares a chegarem a Pemba, ao mesmo tempo que a província de Nampula prepara-se para receber milhares de pessoas nos próximos dias, a Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) é peremptória ao dizer que o Governo deve solicitar apoio internacional por não ter capacidade para tal.
O Executivo reconhece não ter a dimensão do número de refugiados que chegam a Pemba, porém diz ter elaborado um plano de assistência aos deslocados.
“É uma questão extremamente complicada para a qual o país não está preparado ainda, nós temos essas responsabilidades institucionais sim, mas a realidade prática coloca-nos desafios de vária ordem”, disse Alda Salomão, da CNDH, par quem só com o apoio internacional é que se pode assistir aos milhares de deslocados.
“Estamos a ter uma avalanche diária de famílias que estão a se refugiar em Pemba e noutras partes daquela região, portanto, se temos contra-movimentos e limitações de natureza financeira e de outra para apoiar essas famílias, o recurso a apoios externos é de se recomendar sem dúvida nenhuma, pelo menos para esta questão da ajuda humanitária”, acrescentou.
Nesta sexta-feira, 23, a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Veronica Macamo, já avançou com um pedido de apoio humanitário aos países da Ásia e da Oceânia, num encontro com embaixadores dos países daquela região acreditados em Maputo.
Macamo começou por dizer que “embora se possa falar da religião como se tem dito, mas de facto na nossa opinião é pouco crível que a religião possa ser usada como móbil”, para depois acrescentar que “neste âmbito contamos como o vosso apoio no seguinte: provisão de apoio humanitário para combater o drama de terem perdido tudo”.
Entretanto, o Secretário de Estado de Cabo Delgado, Armindo Ngunga, diz que neste momento é prematuro avançar com o número de deslocados que chegam a Pemba.
“Nós estamos a fazer o máximo de acordo com as nossas capacidades por isso é que há uma semana, por exemplo, conseguimos parcelar cerca de 900 talhões em Ancuabe, mas isso não basta”, reconheceu Armindo Ngunga.
O Centro de Democracia e Desenvolvimento estimou num comunicado no domingo, 17, que cerca de 80 mil deslocados podem estar em Pemba, mas como a VOA tem reportado nesta semana, diariamente, chegam centenas de pessoas em embarcações artesanais àquela cidade.
Há informações também que autoridades da província de Nampula preparam um terreno com tendas que podem acolher até 30 mil deslocados.