O porta-voz do Governo da Guiné-Bissau acusou os dirigentes sindicais de estarem ao serviço de “um partido politico" e disse que o Executivo vai avançar com uma acção judicial contra os profissionais da saúde por ser o "boicote" um "acto criminoso".
Em conferência de imprensa realizada em Bissau nesta terça-feira, 21, na presença dos ministros da Saúde, Dionísio Cumba, e da Função Pública, Tumane Camara, Fernando Vaz, também ministro do Turismo, afirmou que a paralisação em curso, qualificada pelos próprios sindicatos, de “boicote”, não se “enquadra na lei da greve e sem um pré-aviso de greve e garantia de serviços mínimos ficará na história como um acto bárbaro e criminoso sem memória na história da humanidade”.
Para Vaz, o que se assiste nos hospitais da Guiné-Bissau “é um acto de selvajaria e não uma greve, pois o ‘boicote’ não está previsto na Lei da Greve e, portanto, é ilegal”.
"O Estado deve utilizar a lei para proteger os cidadãos e todos aqueles que cometem atentado contra as vidas humanas, sejam profissionais de saúde, ou sindicatos, devem ser judicialmente responsabilizados por este crime contra a vida das populações”, defendeu ainda o porta-voz do Governo, quem qualificou a paralisação em curso como uma “acção irresponsável e teleguiada dos sindicatos que querem mergulhar o país em caos”.
“Este Governo paga atempadamente os salários como nunca fizeram o Governo dos partidos, os quais pertencem os dirigentes sindicais que querem agora mergulhar o país no caos para poderem incendiar e tomar, de assalto, as instituições democráticas sufragadas pelo povo”, afirma Vaz.
Ela adiantou ainda que “os sindicatos querem, com estas acções de paralisações, através de ‘boicotes’, dar sinais evidentes de querer semear o caos social a fim de retirar dividendos políticos”.
A greve dos profissionais de saúde não tem um tempo determinado e, de acordo com os sindicatos, pode ser suspensoa quando o Governo atender as suas reivindicações que vão de melhorias de condições do trabalho à aprovação do estatuto de carreira e do código deontológico da profissão.
A paralisação começou na segunda-feira, 20, e os hospitais e centros de saúde públicos foram obrigados a transferir pacientes para centros privados e muitos doentes deixaram aqueles estabelecimentos de saúde por falta de atendimento.
O Governo requisitou seis médicos militares para o Hospital Simão Mendes para tratar os casos mais críticos.