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Governo cabo-verdiano apresenta programa de "serviço público"


Ulisses Correia e Silva, primeiro-ministro de Cabo Verde
Ulisses Correia e Silva, primeiro-ministro de Cabo Verde

Analista vê nova forma de fazer política e oposição promete fiscaliza execução do programa.

O novo Governo de Cabo Verde, saído das eleições de 20 de Março, apresentou nesta segunda-feira, 23, o seu programa ao Parlamento que diz ser de "serviço público"

O texto que suporta a maioria liderada por Ulisses Correia e Silva considera que os últimos 15 anos de governação do PAICV tiveram uma “agenda de transformação falhada” e muitas oportunidades perdidas, numa clara referência ao programa do Executivo anterior.

Enquanto os analistas apontam para uma nova forma de projectar o desenvolvimento do arquipélago, a oposição promete cobrar as promessas feitas durante a campanha pelo MpD.

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O programa que está a ser discutido na Assembleia Nacional diz que a governação vai apostar na melhoria das condições de vida dos cabo-verdianos, com enfoque na inserção das classes mais desfavorecidas e num futuro melhor para todos, porque este é o momento certo para “transformar o poder em serviço público”.

Sem pôr em causa algumas infraestruturas realizadas e reformas empreendidas, o MpD diz ser preciso ter a noção que Cabo Verde vive praticamente numa “estagnação económica”, com altas taxas de desemprego, sobretudo entre os jovens, um ambiente de negócios mau e níveis de insegurança preocupantes.

A estes factores, o novo Governo junta ainda os problemas herdados com os transportesaéreos e marítimos e a falência técnica de várias empresas públicas estratégicas.

Gil Évora, economista cabo-verdiano
Gil Évora, economista cabo-verdiano

O economista e analista Gil Évora é de opinião de que, antes de implementar um programa de cinco anos, o Executivo de Ulisses Correia e Silva deve apostar num “plano de emergência”, a curto prazo, para fazer face a problemas estruturais que herdou do Governo anterior.

“Questões relacionadas com a dívida publica, as dívidas do programa Casa para Todos que fizeram disparar a dívida do país para 130 por cento do Produto Interno Bruto, os problemas herdados com os transportes aéreos e marítimos e ainda os problemas decorrentes da situação com os desabrigados de Chã das Caldeiras, sem falar do desemprego e da pobreza, obrigam o Governo a ter de elaborar um plano de emergência para só depois começar a implementar o seu programa”, afirma o economista Gil Évora.

Numa análise ao documento em debate a pedido da VOA, aquele especialista é de opinião que “há um novo estilo de governar, uma outra filosofia”.

O actual Governo tem procurado aproveitar o que “foi feito de bom, mas vai melhorar o que de menos bom foi feito e acredito que há um novo modelo de governação”, na óptica de Évora.

A título de exemplo, aquele analista aponta o turismo, que representa 24 por cento do Produto Interno Bruto de Cabo Verde, e para o qual o Executivo tem uma “proposta integrada, mais assente nas pessoas do que nas questões físicas”.

Neste particular, suporta a visão de que o turismo deve envolver “todos os cabo-verdianos, agricultores, pessoas do agro-negócio, pescadores e demais actores do desenvolvimento”, afirma Gil Évora, o que, para ele, “é uma filosofia radicalmente oposta” à do anterior Governo.

Janira Hopffer Almada, presidente do PAICV
Janira Hopffer Almada, presidente do PAICV

Para a presidente do PAICV, derrotada na eleição de 20 de Março, Janira Hoppfer Almada, a campanha eleitoral terminou e agora vai exigir que o Governo cumpra as promessas feitas.

“O que os cabo-verdianos querem é ter o cumprimento daquilo que se prometeu durantea campanha eleitoral, como oposição vamos fiscalizar o Governo e fazer as nossas propostas”, disse Hoppfer Almada em conferência de imprensa na qual acusou o Governo de não colocar no seu programa muitas promessas feitas.

O debate em torno do programa do Governo de Cabo Verde deve durar três dias e será aprovado em virtude de o MpD ter maioria absoluta no Parlamento.

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