Dois juristas consideraram de infeliz o pronunciamento do ministro do Interior sobre as detenções de vários jovens do chamado Movimento Revolucionário.
Para os advogados as detenções fazem parte de uma campanha de intimidação generalizada por parte do governo.
O ministro Ângelo Tavares disse à rádio estatal que as detenções que a polícia praticou são legais e que os familiares dos detidos e outros actores sociais podiam ficar tranquilos e deixar a justiça fazer o seu trabalho.
Os jovens foram acusados de estarem a preparar-se “para realizar actos tendentes a alterar a ordem e a segurança pública do país”, segundo nota do Serviço de Investigação Criminal (SIC).
O jurista e professor universitário Ângelo Kapuatcha diz que o pronunciamento do ministro do Interior sobre estas detenções não faz qualquer sentido.
"O ministro do Interior foi infeliz na medida em que apela à calma dos familiares, pois em momento algum um familiar vai ficar calmo vendo o seu filho ser preso arbitrariamente e sem saber como está e onde”, disse o advogado.
“Qualquer pessoa acusada de um crime deve ser informado de que cometeu e a sua família deve ser informada para onde o levam, para constituir um advogado e ser ouvido”, acrescentou.
Para o jurista as prisões dos jovens tem um único objectivo.
"Estas detenções são próprias para intimidar e perturbar a democracia e o estado de direito", disse.
William Tonet outro jurista chama de “pronunciamento surrealista” a acusação de que os jovens se preparavam para alterar a ordem pública.
"Partindo do surrealismo do ministro, seria o primeiro golpe de Estado, que teria lugar com computadores, lapiseiras e bloco de apontamentos”, disse.
“Isto mostra um desnorte do regime que um dia destes vai começar a prender os mosquitos,” acrescentou.
“Este país está doente, o regime esgotou todas as soluções só assim se justifica estas detenções todas", disse Tonet para quem "isto não é política é ditadura e em ditadura não há bom senso, não há justiça só há pouca vergonha e força”.
“Qualquer dia destes quem sonhar e pensar também vai preso", acrescentou.