A vaga de inaugurações de hospitais em Angola pode não responder às necessidades “epidemiológicas” do país ante a falta de pessoal no setor, disseram médicos contactados pela Voz da América.
O Chefe de Estado inaugurou na segunda-feira, 11, em Ndalatando, o Hospital Geral do Cuanza-Norte, a quarta infraestrutura do nível terciário a ser aberta ao público, orçada em 63 milhões de dólares americanos.
No acto inaugural, João Lourenço assegurou que há muito mais unidades hospitalares por construir e que inaugurar, já no próximo ano, “pelo menos uma dezena de unidades hospitalares".
"Nós vamos continuar a construir mais unidades hospitalares dos três níveis, primário, secundário e terciário”, anunciou Lourenço, que destacou o "bom ritmo de construção e de inaugurações".
"Estamos a inaugurar uma média de quatro a cinco unidades hospitalares deste nível por ano, é para continuar até termos uma cobertura nacional que possamos considerar satisfatória”, assegurou João Lourenço.
Entretanto, sindicalistas e especialistas advertem para o contraste que existe entre o alargamento de infraestruturas e os níveis de qualidade, responsabilização e de humanização dos serviços de saúde em Angola.
O perigo do "elefante branco"
O presidente do Sindicato dos Médicos de Angola, Adriano Manuel, diz-se preocupado com a construção deste tipo de hospitais “que não têm o perfil epidemiológico do nosso país”.
“Já tenho dúvidas que a real preocupação do Governo de Angola e do Presidente da República em particular é resolver os problemas da saúde”, afirmou Manuel que acusa o Executivo de não prestar atenção à construção de unidades que devem velar pelos cuidados primários de saúde “onde devemos atuar para diminuir a mortalidade no nosso país”.
Por sua vez, o médico pneumologista Francisco Magalhães Inácio considera que “estrutura sem o capital humano devidamente treinado e humanizado é quase nada”.
Segundo o Governo, o novo Hospital Geral do Cuanza-Norte vai atender mais de mil pacientes por dia, cifra três vezes maior que a da antiga unidade sanitária, que oscilava entre 250 e 300.
Batizado com o nome do nacionalista Mário Coelho Pinto de Andrade, o hospital vai dispor de 200 camas e de várias especialidades médicas.
Outros três hospitais só neste ano
Com dimensões semelhantes, João Lourenço inaugurou este ano o Hospital Geral “Bispo Emílio de Carvalho”, no município de Viana, em Luanda, com capacidade para 356 camas, metade das quais reservadas à Pediatria.
O hospital que levou três anos para ser erguido ficou orçado em mais 133 milhões de dólares e poderá empregar 1.200 funcionários, incluindo médicos, enfermeiros, técnicos de imagiologia e de laboratório.
Ainda em Luanda, foi inuaugurado recentemente o Hospital Geral de Cacuaco, localizado na centralidade do Sequele, em Luanda, e batizado com o nome Heróis do Kifangondo.
A infraestrutura comporta 300 camas e vários serviços de alta complexidade, como é o caso do bloco de oncologia pediátrico, com 34 camas e emprega 1200 profissionais, desde técnicos, médicos (157) até ao pessoal administrativo, segundo estimativa do Ministério das Saúde.
Já na província do Cunene, o Presidente da República inaugurou em agosto o Hospital Geral do Cunene, também designado por General Simione Mucune.
Tem capacidade para 200 camas, 26 blocos, quatro unidades de internamento, igual número de blocos operatórios, salas de hemodiálises com 12 cadeiras, banco de sangue, internamento psiquiátrico e 8 residências para médicos.
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