O Governador da província angolana do Zaire pode ter sido o primeiro governante a testemunhar o modo como o combustível é traficado de Angola para os países vizinhos e o facto de altas patentes das Forças Armadas e da Polícia da Guarda Fronteira nada fazerem para o impedir.
Num video partilhado recentemente nas redes sociais, Adriano Mendes de Carvalho é visto junto de oficiais superiores e generais, num posto fronteiriço, a manifestar-se desapontado com o que acabava de assistir.
“Como é que este grande camião da RDC, sem matrícula, passou ? E depois carregou atrás de nós e saiu com combustível, quero entender", desabafou o governador.
Nesta quarta-feira,9, a Voz da América contactou o governante a partir da cidade do Lubango e, sem gravar a conversa, assegurou que medidas estão ser tomadas, mas não avançou mais detalhes.
Para o ativista social Raul Paulo, residente no município do Soyo, província do Zaire, “o tráfico de combustível é alimentado por uma rede composta de patentes altas da Polícia e das Forças Armadas que, por sua vez, têm grupos de cidadãos da RDC ao seu serviço e que controlam este comércio”.
“E quando se trata de um pacato cidadão este é preso, julgado e condenado”, disse aquele ativista.
O analista político Ilídio Manuel também entende que nada a acontece sem a “conivência das autoridades locais e das forças de defesa e segurança que permitem que o negócio propere”.
Por seu lado, no entender do jurista Pedro Capracata, “ o governador sabe que os camiões são dos seus camaradas e, a partir deste pressuposto, ele não pode fazer nada”.
Nos últimos tempos têm havido vários relatos de tráfico de combustível na fronteira entre Angola e a República Democrática do Congo.
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